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TRAGÉDIA EM GAZA
Só pode ser qualificado como
criminoso o ataque israelense à
cidade de Gaza ontem, que deixou
um saldo de 15 palestinos mortos,
nove dos quais eram crianças entre
dois meses e 13 anos de idade.
Embora autoridades do governo e
o Exército de Israel tenham lamentado a morte de inocentes, parece claro
que os militares não fizeram tudo a
seu alcance para evitar vítimas civis.
Não é preciso ser expert em ciências
bélicas para saber que, quando um
caça lança mísseis sobre uma cidade
densamente povoada como Gaza, as
chances de causar perdas significativas na população civil são enormes.
Israel foi, no mínimo, imprudente.
O estado de espírito que leva a tal
descaso para com a vida fica claro
nas declarações do premiê Ariel Sharon, para quem a operação foi "um
grande sucesso". O ataque cumpriu
o objetivo declarado do Exército de
eliminar Salah Shehada, líder do grupo terrorista Hamas. Só quem perdeu até o último traço de humanidade pode chegar perto de classificar a
morte de crianças como "sucesso",
ou, pior, "grande sucesso".
É verdade que terroristas caçados
como o era Salah Shehada costumam, a título de proteção, buscar refúgio em áreas povoadas por civis.
Isso não exime Israel, que sempre
apregoou possuir uma superioridade moral no conflito, do dever de
preservar as vidas de palestinos inocentes. Se um ataque a Shehada colocava vidas de crianças em risco, Israel
deveria ter esperado uma nova oportunidade para agir. O líder do Hamas
já era procurado havia anos, o que
tornava pelo menos relativa a urgência de uma ação contra ele.
Operações criminosas, sem nenhum respeito pela vida de inocentes, como foi a de ontem na cidade de
Gaza, apenas contribuem para ampliar a espiral de violência em que se
enredaram israelenses e palestinos.
Agora resta esperar a resposta palestina ao ataque e o subsequente troco
israelense. Quem sabe um dia surjam dois estadistas que consigam
pôr um fim a tamanha insânia.
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