São Paulo, terça-feira, 24 de agosto de 2004

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RISCOS NO HORIZONTE

Se algo efetivamente mudou na economia brasileira nos últimos dois anos foi o expressivo crescimento do saldo comercial. As desvalorizações do real certamente estiveram na base dessa mudança, que já se insinuava no último ano do governo Fernando Henrique Cardoso. Depois de um excelente desempenho em 2003, a balança comercial segue batendo recordes. Na terceira semana deste mês, o superávit atingiu US$ 742 milhões e espera-se para 2004 um superávit de US$ 30 bilhões.
Além da situação cambial, outras circunstâncias, como os ganhos de produtividade, a abertura de novos mercados, o baixo dinamismo do mercado interno e a aceleração do crescimento econômico e do comércio mundiais, têm ajudado a impulsionar os bons resultados.
Embora o cenário permaneça positivo, há circunstâncias em cena que causam preocupações quanto às perspectivas de a economia crescer de maneira consistente mantendo elevados saldos comerciais. Os preços de algumas commodities importantes para o comércio brasileiro, como a própria soja, declinam no mercado mundial, o ritmo de expansão da economia norte-americana arrefece e o reaquecimento da demanda doméstica, cujos sinais começam a se generalizar, tende a gerar pressões. Não são também desprezíveis os efeitos que a alta dos preços do petróleo, mesmo que transitória, pode produzir sobre a inflação e o crescimento internacional e brasileiro.
Embora nem tudo esteja ao alcance das autoridades econômicas, é imprescindível que o governo atue no sentido de manter as condições para a preservação dos saldos comerciais -importantes para minimizar os riscos de crises externas.
Nesse sentido, devem-se levar adiante políticas industriais com vistas a aperfeiçoar a pauta de exportações e fomentar a substituição competitiva de importações. É crucial também promover a melhoria da infra-estrutura, especialmente a oferta de energia, e estimular os agentes econômicos a ampliar os investimentos para superar outros gargalos que poderão comprometer a sustentabilidade do crescimento.


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