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RISCOS NO HORIZONTE
Se algo efetivamente mudou na
economia brasileira nos últimos dois anos foi o expressivo crescimento do saldo comercial. As desvalorizações do real certamente estiveram na base dessa mudança, que já
se insinuava no último ano do governo Fernando Henrique Cardoso. Depois de um excelente desempenho
em 2003, a balança comercial segue
batendo recordes. Na terceira semana deste mês, o superávit atingiu US$
742 milhões e espera-se para 2004
um superávit de US$ 30 bilhões.
Além da situação cambial, outras
circunstâncias, como os ganhos de
produtividade, a abertura de novos
mercados, o baixo dinamismo do
mercado interno e a aceleração do
crescimento econômico e do comércio mundiais, têm ajudado a impulsionar os bons resultados.
Embora o cenário permaneça positivo, há circunstâncias em cena que
causam preocupações quanto às
perspectivas de a economia crescer
de maneira consistente mantendo
elevados saldos comerciais. Os preços de algumas commodities importantes para o comércio brasileiro, como a própria soja, declinam no mercado mundial, o ritmo de expansão
da economia norte-americana arrefece e o reaquecimento da demanda
doméstica, cujos sinais começam a
se generalizar, tende a gerar pressões. Não são também desprezíveis
os efeitos que a alta dos preços do petróleo, mesmo que transitória, pode
produzir sobre a inflação e o crescimento internacional e brasileiro.
Embora nem tudo esteja ao alcance
das autoridades econômicas, é imprescindível que o governo atue no
sentido de manter as condições para
a preservação dos saldos comerciais
-importantes para minimizar os
riscos de crises externas.
Nesse sentido, devem-se levar
adiante políticas industriais com vistas a aperfeiçoar a pauta de exportações e fomentar a substituição competitiva de importações. É crucial
também promover a melhoria da infra-estrutura, especialmente a oferta
de energia, e estimular os agentes
econômicos a ampliar os investimentos para superar outros gargalos
que poderão comprometer a sustentabilidade do crescimento.
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