São Paulo, domingo, 24 de agosto de 2008

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Editoriais

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Enxofre no ar

OS 11 MILHÕES de paulistanos experimentam diariamente, nas vias respiratórias e nos olhos, os efeitos da poluição do ar. Nos dias ensolarados de inverno, quando a umidade relativa do ar se aproxima de níveis desérticos, a camada marrom de poluentes se torna mais que visível, quase palpável.
O enxofre eliminado na queima de óleo diesel é um composto-chave nas reações físico-químicas que conspiram na atmosfera das metrópoles para tornar seu ar irrespirável. São Paulo e outras 236 cidades de grande porte podem até considerar-se privilegiadas: seus caminhões e ônibus rodam com diesel menos poluente, contendo 500 partes por milhão (ppm). Noutras praças, o limite legal é 2.000 ppm.
Em realidade, não há privilégio nenhum. Na Europa, toleram-se só 50 ppm, limiar que será baixado para 10 ppm em 2009.
Aqui, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) baixou em 2002 resolução estipulando que a concentração deveria cair para 50 ppm em janeiro de 2009. Seis anos não bastaram, porém, para Petrobras e indústria automobilística se prepararem para essa medida.
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, reconhece não haver tempo hábil para cumprir a norma. Tenta dourar a pílula antecipando a vigência de uma nova redução, mais exigente, do teor de enxofre. Petrobras, montadoras e Agência Nacional do Petróleo acusam-se mutuamente pelo atraso. Nada garante que não venham a reincidir, mais à frente, nesse verdadeiro crime contra a saúde pública.


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