São Paulo, quinta-feira, 24 de setembro de 2009

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KENNETH MAXWELL

Domingo da saturação

O PRESIDENTE Barack Obama parece estar vivendo um momento de alta energia.
No domingo, ele apareceu em todos os programas matutinos de entrevistas das redes de TV dos EUA.
"Domingo da saturação" foi o nome dado à manobra. Obama fez o que ficou conhecido como "Full Ginsberg", por conta de William Ginsberg, advogado que foi a todos os programas dominicais de entrevistas quando defendia Monica Lewinsky durante o escândalo sexual do presidente Bill Clinton.
A Fox News foi excluída. Isso não agradou a Chris Wallace, o apresentador do programa dominical de debates do canal. Referindo-se à Casa Branca, Wallace declarou que "nos meus 30 anos de Washington, nunca vi maior bando de chorões".
Não se sabe ao certo o que o presidente Obama conseguiu com essa blitz de mídia. Mas duas pesquisas de opinião pública recentes revelam os perigos que ele está enfrentando. Uma, a "Transatlantic Trends 2009", é um levantamento sobre as opiniões europeias e norte-americanas quanto a questões transatlânticas, conduzida pelo German Marshall Fund dos EUA.
A segunda é uma pesquisa de como a opinião mundial mudou depois da eleição de Obama, conduzida pelo Pew Research Center for the People and the Press.
A pesquisa do German Marshall Fund demonstrou a notável melhora nas opiniões europeias sobre os Estados Unidos depois da posse de Obama. A aprovação aos Estados Unidos com relação ao último ano do governo Bush subiu de 12% para 92% na Alemanha, de 27% para 91% na Itália e de 18% para 90% na Holanda. A pesquisa mundial do Pew Center confirma essas constatações. A aprovação aos EUA subiu de 47% para 61% no Brasil.
Mas há sinais de alerta que indicam a possibilidade de uma curta lua-de-mel para Obama. Os europeus orientais parecem menos entusiásticos com relação a ele. Na Polônia, apenas 55% dos entrevistados viam Obama positivamente e, na Bulgária, o índice era de apenas 22%. No que tange a "questões", e não apenas a "opinião", as posições eram fortemente divergentes. Na Polônia, mais de metade dos entrevistados apoiavam uma completa retirada das forças militares estrangeiras do Afeganistão.
Os europeus ocidentais assumiram posição semelhante. Apenas 21% dos italianos apoiavam o reforço das tropas no Afeganistão. Na Espanha, a ampliação das forças tinha apenas 26% de apoio. Em todos os países europeus, a maioria desejava que a redução da presença de suas Forças Armadas ou sua retirada. E, quanto a isso, a pesquisa do "Wall Street Journal"/NBC News, publicada ontem, revelou que agora 51% dos norte-americanos também são contra o envio de mais tropas para Afeganistão.


KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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