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São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 2003

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CONSTRUÇÃO PARADA

Com exceção dos exportadores, praticamente todos os segmentos produtivos da economia brasileira vêm apresentando baixo dinamismo ou encolhimento ao longo do ano. É o caso da construção civil. Estima-se que a produção do setor vá acumular queda da ordem de 8% de janeiro a dezembro. Embora as dificuldades não sejam recentes, evidentemente foram agravadas pela retração da atividade econômica em 2003. Desde 1999 o setor se mantém em retração -com uma breve interrupção em 2000. Ao longo desses cinco anos, a construção acumulou queda de quase 15%.
As razões da crise são várias e se entrelaçam. Trata-se de uma atividade que depende consideravelmente de crédito, cuja oferta está em contração. Não é de hoje, também, que políticas públicas de habitação, saneamento e infra-estrutura se encontram debilitadas, em boa medida devido às severas restrições ao gasto público. Além disso a construção residencial realizada pelos proprietários-que costuma responder por parcela significativa da atividade do setor- tem esbarrado na queda do poder de compra da população.
São situações que não deverão mudar muito rapidamente. A melhoria do ambiente macroeconômico e a redução da incerteza daí decorrente poderão permitir alguma reativação da construção ao longo de 2004. Isso, porém, não parece suficiente.
Seriam desejáveis políticas específicas de estímulo, em especial para a construção de habitações populares. Vários estudos indicam que a aquisição da casa própria é, com grande frequência, um passo decisivo para que famílias possam superar círculos viciosos de pobreza. Além de atenuar essa grave carência social, a construção habitacional tem duas características interessantes num país onde o desemprego se encontra bastante elevado e que volta e meia se vê diante de dificuldades nas contas externas: ela gera muitos empregos e provoca pouca pressão sobre a pauta de importações.


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