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CONSTRUÇÃO PARADA
Com exceção dos exportadores, praticamente todos os segmentos produtivos da economia brasileira vêm apresentando baixo dinamismo ou encolhimento ao longo
do ano. É o caso da construção civil.
Estima-se que a produção do setor vá
acumular queda da ordem de 8% de
janeiro a dezembro. Embora as dificuldades não sejam recentes, evidentemente foram agravadas pela retração da atividade econômica em 2003.
Desde 1999 o setor se mantém em retração -com uma breve interrupção
em 2000. Ao longo desses cinco
anos, a construção acumulou queda
de quase 15%.
As razões da crise são várias e se entrelaçam. Trata-se de uma atividade
que depende consideravelmente de
crédito, cuja oferta está em contração. Não é de hoje, também, que políticas públicas de habitação, saneamento e infra-estrutura se encontram debilitadas, em boa medida devido às severas restrições ao gasto
público. Além disso a construção residencial realizada pelos proprietários-que costuma responder por
parcela significativa da atividade do
setor- tem esbarrado na queda do
poder de compra da população.
São situações que não deverão mudar muito rapidamente. A melhoria
do ambiente macroeconômico e a redução da incerteza daí decorrente
poderão permitir alguma reativação
da construção ao longo de 2004. Isso, porém, não parece suficiente.
Seriam desejáveis políticas específicas de estímulo, em especial para a
construção de habitações populares.
Vários estudos indicam que a aquisição da casa própria é, com grande
frequência, um passo decisivo para
que famílias possam superar círculos viciosos de pobreza. Além de atenuar essa grave carência social, a
construção habitacional tem duas
características interessantes num
país onde o desemprego se encontra
bastante elevado e que volta e meia se
vê diante de dificuldades nas contas
externas: ela gera muitos empregos e
provoca pouca pressão sobre a pauta
de importações.
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