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![]() São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 2003 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Retrato em preto e branco
JOSÉ CARLOS ALELUIA
Afirma o documento que os indicadores externos do Brasil são mais fracos do que aqueles de países semelhantes; que a pressão fiscal é significativamente maior do que na maioria dos países com perfis iguais ao nosso; que a diversificada economia brasileira tem uma fraca base exportadora, que depende, ainda, de uma revisão tributária e de maior liberalização de comércio, e que um ambiente regulatório mais claro certamente impulsionaria o investimento, especialmente em energia e telecomunicações. Nota ainda o relatório que indicadores sociais fracos restringem o crescimento; que a economia brasileira tem pouca flexibilidade fiscal. O nível (62% do PIB em 2003) e a composição da dívida pública restringem a credibilidade e a flexibilidade fiscal. O Brasil não pode reduzir seu superávit primário. Mesmo um superávit primário mais alto pode ser ainda insuficiente para a meta da relação dívida/PIB. Prossegue o relatório da Standard & Poor's constatando que a composição da dívida pública é problemática e contribui para a volatilidade das taxas de juros em momentos negativos do mercado; que a meta de inflação não será cumprida em 2003; e, finalmente, que a necessidade de financiamento externo caiu em 2002 e 2003, mas crescerá em 2004 e 2005. Uma assessoria internacional desse porte, que depende de boas notícias para implementar novos serviços de assessoria, não consegue, ao lado do diagnóstico crítico, fazer referência a medidas saneadoras explícitas (boas notícias) por parte do governo. Essas medidas não existem. As decisões tomadas no âmbito tributário são desfocadas do problema da produtividade. Além de onerarem o custo de importação de matérias-primas. A reforma previdenciária rompe princípios constitucionais e, por isso, é incerta, além de pouco significativa. A questão regulatória, pretende o governo, deve ser iniciada pelo esvaziamento das agências, de forma a conferir-lhe maior poder discricionário, o que não implica maior eficiência nem tampouco segurança. As demais travas ao crescimento seguem intocadas, com a redução do investimento oficial e a deterioração da segurança pública. Nesse cenário de crescimento travado, a alavanca de crescimento de curto prazo é jogada nos ombros das famílias, induzindo-as ao endividamento a taxas reais próximas de 25% ao ano. O PFL torce pelo Brasil. Não pode se omitir, a exemplo da assessoria internacional. E alerta que o Brasil não é de ferro, nem os investidores são tolos. José Carlos Aleluia, 54, deputado federal pelo PFL da Bahia, é o líder do partido na Câmara dos Deputados (www.deputadoaleluia.com.br). Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Roberto Luis Troster: Me engana que eu gosto Próximo Texto: Painel do leitor Índice |
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