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CARLOS HEITOR CONY
Que pena!
RIO DE JANEIRO - Não dá para entender. Montado em 81% de aprovação popular, com sua candidata
Dilma abrindo vantagem nas pesquisas para a decisão do segundo
turno, Lula abdicou do seu dever de
presidente de todos os brasileiros.
E como eficiente cabo eleitoral,
com pós-doutorado em matéria de
eleições, indignou-se com o incidente (que ele considerou uma farsa) de Campo Grande, quando petistas que nada tinham a fazer numa passeata do adversário, provocaram um tumulto no qual feriram,
parece de que levemente, o candidato contrário.
Quando Dilma começou a descer
nas pesquisas (que subiram logo
depois), ela prometeu apelar para a
"militância", famosa instituição do
PT, uma parcela felizmente ainda
pequena do partido, que se considera a tropa de elite para situações
de emergência.
Por ora, nada que lembre as SS
na Alemanha de Hitler e as esquadras fascistas na Itália de Mussolini. Pau para toda a obra, em momentos críticos do partido, esse tipo de força (que é conhecida como
"militância") foi convocado por Dilma quando ela se deparou com a
necessidade de enfrentar um novo
turno.
Militância que não é fato novo, os
dicionários ensinam que a palavra
vem de "miles - milites", nominativo e genitivo que significam "soldado". E gerou outra palavra, "militar", que todo mundo sabe do que
se trata, não faz muito tempo tivemos um regime em que a militância
em todos os níveis era praticada por
militares profissionais.
Não estou insinuando um paralelo, mas lembrando certas coincidências. O que salva o PT é que seu
chefe máximo não tem vocação para tirano. Admiro Lula e lamento
que ele esteja saindo da Presidência da República, em que se deu tão
bem, para, embora vitorioso, vestir
a carne, a pele e o grito de um irritado cabo eleitoral.
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