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ELIANE CANTANHÊDE
Papai Noel fora de época
BRASÍLIA - FHC roda, roda, roda e acaba sempre no mesmo lugar: aquele em que precisa satisfazer a sanha
fisiológica da base aliada, para que o
Congresso não devore sua carótida.
Tira nome, põe nome, essa brigalhada toda pelas presidências do Senado e da Câmara vai acabar dando
nisso: uma nova reforma ministerial
para compensar os partidos e partidários derrotados.
Desde o início do primeiro mandato, lá se vão seis anos, o sonho de FHC
é não precisar mais tanto do Congresso e poder fazer um "ministério
de notáveis" (a expressão, aliás, nem
é dele). Comenta-se em Brasília há
meses que, com o fim das reformas
constitucionais, ou seja, das votações
de três quintos, agora era a hora.
Mas ainda não vai ser desta vez.
Em resumo, e caricaturalmente, a
nova reforma ministerial anda assim: se Jader não for presidente do
Senado, o peemedebista Michel Temer vira ministro da Justiça; se o tucano Aécio Neves não for presidente
da Câmara, acaba num dos ministérios do PFL; se quem dançar for o pefelista Inocêncio Oliveira (o que parece mais provável), o PFL de Marco
Maciel e Bornhausen vai finalmente
ter chegar ao primeiro escalão.
Deles, o único que mal disfarça a
vontade de virar ministro é Temer,
que sai da presidência da Câmara e
só quer disputar alguma coisa (o governo de São Paulo) em 2002. Os demais ficam umas araras com prêmios de consolação. Aécio não quer
nem ouvir falar em ministério. Inocêncio só falta xingar a mãe de quem
ousa tocar no assunto.
Mas na política, sabe como é, o que
se diz num dia não se repete no outro. E, como FHC é não só bom de lábia como pródigo em presentear a
turma, o verdadeiro Natal em Brasília não é hoje nem amanhã. Vai ser
lá por fevereiro. O Natal da folia.
PS - Por falar nisso, bom Natal!
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