São Paulo, domingo, 24 de dezembro de 2000

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ELIANE CANTANHÊDE


Papai Noel fora de época



BRASÍLIA - FHC roda, roda, roda e acaba sempre no mesmo lugar: aquele em que precisa satisfazer a sanha fisiológica da base aliada, para que o Congresso não devore sua carótida.
Tira nome, põe nome, essa brigalhada toda pelas presidências do Senado e da Câmara vai acabar dando nisso: uma nova reforma ministerial para compensar os partidos e partidários derrotados.
Desde o início do primeiro mandato, lá se vão seis anos, o sonho de FHC é não precisar mais tanto do Congresso e poder fazer um "ministério de notáveis" (a expressão, aliás, nem é dele). Comenta-se em Brasília há meses que, com o fim das reformas constitucionais, ou seja, das votações de três quintos, agora era a hora. Mas ainda não vai ser desta vez.
Em resumo, e caricaturalmente, a nova reforma ministerial anda assim: se Jader não for presidente do Senado, o peemedebista Michel Temer vira ministro da Justiça; se o tucano Aécio Neves não for presidente da Câmara, acaba num dos ministérios do PFL; se quem dançar for o pefelista Inocêncio Oliveira (o que parece mais provável), o PFL de Marco Maciel e Bornhausen vai finalmente ter chegar ao primeiro escalão.
Deles, o único que mal disfarça a vontade de virar ministro é Temer, que sai da presidência da Câmara e só quer disputar alguma coisa (o governo de São Paulo) em 2002. Os demais ficam umas araras com prêmios de consolação. Aécio não quer nem ouvir falar em ministério. Inocêncio só falta xingar a mãe de quem ousa tocar no assunto.
Mas na política, sabe como é, o que se diz num dia não se repete no outro. E, como FHC é não só bom de lábia como pródigo em presentear a turma, o verdadeiro Natal em Brasília não é hoje nem amanhã. Vai ser lá por fevereiro. O Natal da folia.
PS - Por falar nisso, bom Natal!


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