|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VALDO CRUZ
Querido Papai Noel
BRASÍLIA - Véspera de Natal, um
funcionário dos Correios bateu
com uma carta do presidente Lula
endereçada a ninguém menos que
Papai Noel. Não resistiu e leu. Segue um relato fiel dele:
Querido Papai Noel, sei que tenho muito mais do que um dia imaginei ter. Ex-metalúrgico, hoje sou
presidente da República. Não preciso nem abrir porta. Tem sempre um
assessor para cumprir essa e tantas
outras tarefas.
Meu salário, em comparação ao
de alguns executivos, não é lá essas
coisas. Mas não posso reclamar. Em
relação ao dos meus companheiros,
é muito bom. E não preciso nem pagar casa e comida. Tá tudo incluído
no pacote.
Sem falar nas viagens internacionais. Nunca pensei que iria conhecer tanto país na minha vida. E de
graça. Se bem que, na verdade, não
chego bem a conhecê-los, acabo
mais passando por eles. Mas tudo
bem, nada é perfeito.
Mesmo assim, considerando-me
um privilegiado, gostaria de fazer
alguns humildes pedidos.
O primeiro é um identificador de
senador governista. Acabei de ser
derrotado no Senado porque vários
que se diziam meus bandearam para o outro lado.
O segundo pedido é um controle
remoto capaz de comandar alguns
ministros à distância. Apertaria a
tecla "mute" toda vez que o Guido
Mantega começasse a dizer coisas
que não deveria falar.
O terceiro é um aparelhinho que
deletasse o passado. Seria útil toda
vez que a oposição ficasse me cobrando coisas do tipo "por que o sr.
foi contra a CPMF?". Poderia ainda
emprestá-lo ao Antonio Palocci, e
boa parte dos meus problemas estaria resolvida.
Um último pedido seria um clone. Ele me substituiria na hora de
ficar agüentando essa conversinha
de deputado e senador pedindo cargos no governo.
Espero não incomodar, mas tenho urgência. 2008 vem aí e, de cara, tenho um rombo de R$ 40 bilhões para cobrir por causa do fim
da CPMF. Abraços, Lula.
Texto Anterior: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: Feliz Natal, dr. Drauzio Próximo Texto: Rio de Janeiro - Ruy Castro: À prova de roubos Índice
|