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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Luta pela vida
As chuvas em Minas Gerais e outros Estados continuam afligindo
milhares de famílias.É lamentável que
dezenas de pessoas tenham perdido a
vida, quando teria sido possível evitar
alguns acidentes fatais se fossem observadas normas de segurança para
construções em áreas de risco.
Graças a Deus não tem faltado a solidariedade do povo, que acolhe os desabrigados e doa roupas e alimentos.
Houve lugares, como Ponte Nova e
Caratinga, em que as áreas de comércio foram as mais atingidas, com perdas enormes e dificilmente recuperáveis.
Requer-se agora o empenho conjunto do governo e das instituições da
sociedade, não só para socorrer tantas
vítimas, mas para projetar soluções
adequadas à vazão das águas e a novas
condições habitacionais.
É certo que essas semanas de chuvas
torrenciais marcaram o início do ano
com grandes desafios e padecimentos.
Ao mesmo tempo, prolonga-se a seca
e a aridez em áreas do país. Tudo isso
renova a confiança em Deus, põe à
prova a nossa capacidade de enfrentar
as dificuldades e educa-nos para a luta
pela vida, o auxílio mútuo e busca de
caminhos solidários. Há, assim, um
saldo de esperança em meio às situações árduas. Lembremo-nos da coragem dos bombeiros empenhados em
salvar as vítimas do desabamento.
Mas, enquanto procuramos unir
forças para superar os desafios e ajudar a multidão de necessitados em
nosso país, avoluma-se a ameaça do
conflito armado entre Estados Unidos
e Iraque. Armas terríveis podem entrar em ação a qualquer momento.
Não conhecemos na história poderio
bélico semelhante ao que se está preparando para esse confronto. Aguarda-se ainda o relatório final dos inspetores das Nações Unidas sobre a existência de armas de destruição em poder de Saddam Hussein.
Diante dessa situação dramática, o
papa João Paulo 2º tem lançado constantes apelos pela paz. Refere-se à busca de solução para o conflito insensato
que assola o Oriente Médio e condena
eventual guerra contra o Iraque, Considerada por ele algo evitável e "derrota para a humanidade". A guerra é um
ataque à vida humana que provoca sofrimento e morte. "A batalha pela paz
é sempre a batalha pela vida."
Na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz, 1º de janeiro, celebrando o
40º aniversário da "Pacem in terris"
do beato João 23 (11/4/63), lembra o
papa "as colunas da paz: verdade, justiça, amor e liberdade". No entanto, "a
liberdade fará frutificar a paz se os indivíduos, na escolha dos meios para
alcançá-la, seguirem a razão". Insiste
na maior consciência dos deveres humanos universais e na urgência de
uma autoridade pública internacional
a serviço dos direitos humanos. É preciso crer no diálogo e não aceitar o uso
da força como caminho para resolver
as controvérsias. Diante da desordem
em que vivemos, temos que multiplicar os "gestos de paz" realizados por
homens e mulheres que sabem esperar, sem ceder ao desânimo.
E a esse propósito propõe o papa a
função vital da religião para suscitar
os gestos de paz e consolidar as condições de paz. A religião abre nosso coração para a confiança em Deus, que
nos chama à fraternidade universal e à
promoção de uma cultura solidária. A
abertura a Deus dará consistência aos
gestos de paz e fará pessoas e governos
encontrarem soluções que respeitem
a justiça e superem a ameaça da guerra, o medo e o pessimismo.
Com o auxílio divino, apesar de nossos revezes, é preciso lutar pela vida e
acreditar que "a paz é sempre possível".
D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.
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