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TENDÊNCIAS/DEBATES
Hugo Chávez deve permanecer no poder?
SIM
O golpismo não passará
VLADIMIR VILLEGAS
A manifestação popular maciça
realizada no dia 23 de janeiro passado, em Caracas, em apoio ao governo
constitucional e bolivariano do presidente Hugo Chávez, talvez a maior ou
uma das maiores já registradas em nosso país, pode ser uma das tantas respostas à pergunta sobre a continuação ou
não do chefe de Estado venezuelano no
poder. Mas tentemos outras caso não
baste essa demonstração de força e de
vontade de enfrentar o golpismo incrustado nos setores oposicionistas.
O presidente Hugo Chávez Frías foi
eleito de maneira esmagadora por venezuelanos e venezuelanas em dezembro
de 1998. Desde então, dedicou-se a
cumprir a promessa básica de sua campanha eleitoral: promover o processo
constituinte para dar a nosso país uma
nova Constituição, buscando fazer mudanças profundas que ajudem a imensa
maioria de nossa população a superar
um gravíssimo quadro de exclusão social, herdado dos governos corruptos
dos quais decerto participaram alguns
dos principais líderes do golpismo.
E, para conseguir fazer essas mudanças, necessariamente, o governo venezuelano teve de começar um processo
de desligamento dos fatores econômicos -e até políticos- que costumavam influenciar as decisões governamentais em benefício de interesses particulares. Esse desligamento se traduziu
na colocação de um ponto final na desastrosa prática de entregar aos grupos
econômicos tradicionais a condução da
política econômica e importantes cotas
em ministérios e até no Parlamento.
O golpismo, que mostrou suas garras
e sua fibra fascista em abril do ano passado -com a detenção de ministros e
deputados, a feroz repressão ao povo e a
dissolução dos Poderes públicos-, tentou, em suas poucas horas de governo,
anular importantes leis e iniciativas bolivarianas que favoreciam as grandes
maiorias. Por exemplo, a Lei de Terras,
que busca uma justa distribuição do fator produtivo entre as grandes massas
de camponeses carentes de qualquer
oportunidade. Ou a Lei de Pesca, que dá
a milhares de pescadores créditos, assistência técnica e outros incentivos sociais, entre eles o apoio estatal à associação em cooperativas capazes de produzir até mesmo para a exportação.
Essas políticas, bem como o aumento
de mais de 100% dos fundos dedicados
à saúde e à educação, a redução significativa da mortalidade infantil, a construção de moradias de interesse social
em volume jamais visto nos últimos
anos, o aumento de quase 1 milhão no
número de crianças matriculadas em
escolas, a construção de milhares de escolas bolivarianas, nas quais crianças de
parcos recursos são atendidas o dia inteiro, o impulso maciço à prática de esportes e outros tantos êxitos, são, para o
golpismo elitista, motivos suficientes
para promover a derrubada do governo
de Hugo Chávez. Mas também são parte das poderosas razões por que nosso
presidente deve seguir no poder.
A capacidade de resposta popular que
existe na Venezuela -no que se refere
aos inimigos da democracia- é a melhor demonstração de que o governo de
Hugo Chávez está deixando uma marca
relevante em nossa sociedade, já que,
pela primeira vez, aqueles que não tinham voz nem esperança contam com
mais do que uma esperança: a certeza
de que é possível não só sonhar com um
mundo melhor mas também alcançá-lo.
Por isso a pergunta sobre a continuação ou não de Hugo Chávez no poder
poderia bem ser diferente: por exemplo,
se o nosso povo humilde deve renunciar
ao seu direito à justiça e à igualdade de
oportunidades. Afinal, no fundo, o que
preocupa os que lideram a conspiração
na Venezuela é o alto nível de consciência política e maturidade das grandes
maiorias nacionais, que, definitivamente, estão decididas a permanecer em estado de alerta e mobilização permanente, para impedir que se repita o macabro
golpe de 11 de abril de 2002.
Digam o que disserem os conspiradores e seus meios de comunicação, especialistas na manipulação e na mentira,
Chávez não sairá porque, com Chávez,
quem manda é o povo.
Vladimir Villegas, 41, é embaixador da República bolivariana da Venezuela no Brasil.
Tradução de Paulo Migliacci
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