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CLÓVIS ROSSI
20 anos não é nada
SÃO PAULO - O presidente Luiz
Inácio Lula da Silva não precisa fazer esforço nenhum para que a coalizão que hoje comanda fique 20
anos no poder. Ela já o ocupa há
mais de 20 anos. Desde que o PT
aderiu, em 2003, ao pequeno mundo político brasileiro, passaram todos a ser farinha do mesmo saco,
ainda que com rótulos eventualmente diferentes.
O espírito, no entanto, é o mesmo, feito de pequenez política, administrativa, ideológica.
A rigor, daria até para dizer que a
"nomenklatura" tupiniquim está
no poder há mais tempo, do que dá
contundente exemplo Reinhold
Stephanes, ministro da Agricultura
de Lula, depois de ter servido ao regime militar e, sucessivamente, aos
governos Collor, FHC e, agora, Lula. Ou seja, Stephanes colaborou
com todos os modelitos tentados na
República nos últimos 43 anos -o
dobro dos 20 desejados por seu novo chefe.
Stephanes sentiu-se cômodo -e
seus chefes sentiram-se cômodos
com ele-, apesar de FHC e Lula terem sido adversários (até inimigo,
no caso Lula) tanto do regime militar como de Collor.
A história recente do Brasil é
pontilhada de exemplos semelhantes de indiferenciação. Tucanos e
pefelistas foram adversários em todas as eleições até 1994, quando de
repente se coligaram.
O lulo-petismo reclamou da "herança maldita" recebida do governo
do PSDB, mas, não obstante, entregou o Banco Central a Henrique
Meirelles, então deputado recém-eleito pelo PSDB gerador da "herança maldita".
Ainda por cima, Meirelles ficou
com duas das três principais alavancas de política econômica (a
monetária e a cambial). A terceira
(a fiscal) é "imexível" porque Lula
tornou-se "fiador do mercado financeiro", no dizer de George Soros
(entrevista ao "Valor Econômico"
de sexta).
Ou seja, juntou-se à coalizão que
manda no país há mais, bem mais,
que 20 anos.
crossi@uol.com.br
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