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Pensão discutível
NA ENTREVISTA concedida a
esta Folha, o ministro da
Previdência, Luiz Marinho, pôs o dedo numa das tantas
feridas que sangram sua pasta.
Ainda que repassando à sociedade o imperativo de debater o que
chamou de explosão das pensões
por morte, indicou que o governo ao menos não faz vista grossa
para um flagrante excesso do sistema previdenciário.
Em 2006, foram concedidos
144 mil desses benefícios, elevando para cerca de 5,9 milhões
o número de pensionistas por
morte. A despesa monta a R$ 2,8
bilhões mensais, ou R$ 36,4 bilhões ao ano, quase um quarto
de todos os benefícios. Tal valor
poderia ser apreciavelmente reduzido, contribuindo para conter o déficit da Previdência, se o
país fosse menos perdulário na
emissão do benefício.
Não se questiona que uma viúva ou um viúvo necessite manter, ao menos parcial e temporariamente, a renda perdida com a
morte do cônjuge. Em certos casos, como idade avançada e presença de filhos menores, até
mesmo por muitos anos. É discutível, no entanto, que a pensão
seja paga de maneira integral e
vitalícia, em todos os casos, e
ainda por cima passível de acumulação com outros benefícios e
rendas, como no Brasil.
Um estudo do Ipea (Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgado há um mês comparou as condições da pensão por
morte com as de 20 países de vários continentes. Concluiu que
nenhuma nação da amostra, rica
ou pobre, é tão pródiga.
Em Portugal, por exemplo, o
valor pago se limita a 60% da
aposentadoria ao que o finado
faria jus. Se mais jovem que 35
anos, a viúva recebe o benefício
por cinco anos. Aplicada a mesma regra por aqui, haveria economia de 27% do dispêndio.
De fato, a sociedade precisa
reavaliar tais regras. Ao governo
cabe fazer propostas concretas.
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