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FERNANDO RODRIGUES
A transparência que falta
BRASÍLIA - É necessário reconhecer os esforços dos governos FHC e
Lula na coleta e divulgação de parte
dos dados sobre publicidade estatal
federal.
Desde 1998, os números passaram a ser compilados de maneira
centralizada. Sob Lula, as informações tornaram-se públicas. Há
avanços, portanto. O ambiente hoje
em nada se compara ao da ditadura
militar. À época, agências de publicidade enriqueceram nas sombras
para criar personagens como o "Sugismundo" -tentativa simpática,
mas frustrada, de difundir os benefícios da higiene. As ruas das grandes cidades permanecem imundas.
Feito o registro da parte positiva,
sobra o vácuo ainda existente quando se trata de transparência na propaganda federal. Sem contar a quase penumbra total nos Estados e em
alguns municípios.
Lula torrou R$ 1,015 bilhão com
publicidade em 2006. O recorde de
FHC havia sido R$ 953,7 milhões
em 2001. Essa cifras mostram apenas parte da fotografia.
Não faz o menor sentido o Palácio do Planalto deixar de divulgar os
custos para produzir os comerciais.
Em 2006, o montante equivaleu a
cerca de 20% do total. Ou seja, mais
R$ 200 milhões.
Mas o maior buraco negro nessa
área de marketing são os patrocínios. Quanto custa aquela turma
vestindo camisa amarela e pulando
nas arquibancadas quando jogam
equipes de vôlei ou de basquete em
competições olímpicas?
Dentro do governo, as estimativas sobre a verba global de patrocínios variam de R$ 300 milhões a R$
1 bilhão. Outro dia, até uma marcha
de prefeitos foi bancada por empresas estatais. Virou uma mania nacional: ONGs e movimentos sociais
em geral sempre passam o chapéu
pelo governo antes de empreender
qualquer tipo de atividade. Têm todo o direito de pedir. Mas é também
um direito da sociedade conhecer
como o dinheiro é gasto.
frodriguesbsb@uol.com.br
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