São Paulo, segunda-feira, 25 de abril de 2011

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FERNANDO DE BARROS E SILVA

Chalita, o PMDB carismático

SÃO PAULO - Gabriel Chalita é o padre Marcelo da política. Carismático, representa a renovação conservadora dessa atividade de má reputação. Marcelo, o padre, exercita a religião como uma espécie de ginástica da alma; Chalita, o deputado, opera a política como uma extensão da autoajuda. Carolas, efusivos, sentimentais, são guias espirituais da nova era.
Com pouco mais de 40 anos, Chalita já publicou 54 livros -hummm... Geraldo Alckmin, de quem ele foi secretário da Educação e ainda é grande amigo, o confunde com um intelectual.
Apesar do sucesso, ou por causa dele (560 mil votos para deputado federal, só atrás de Tiririca), Chalita se tornou uma figura folclorizada nos meios letrados. José Serra, quando governador, contribuiu de forma decisiva para detonar o legado pedagógico do chalitismo.
Hoje no PSB, o ex-tucano acaba de ser convidado por Michel Temer para ingressar no PMDB com a promessa de ser candidato a prefeito em 2012. Não se deve confiar no PMDB, é certo. Chalita pode estar sendo recrutado para aumentar o poder de barganha da legenda com o PT -como já disse Bernardo Mello Franco nesta Folha.
É bem provável. Mas, mesmo que seja assim, como vice, como aliado, ou como candidato, Chalita estará roubando uma parte do eleitorado de classe média dos tucanos. Esse é o seu atrativo de mercado.
Até a morte de Quércia, no final do ano passado, o PMDB paulista estava atrelado a Serra. Sócio dos tucanos, o quercismo era uma espécie de enclave que resistia ao domínio de Temer e sua turma. O partido agora sinaliza que também em São Paulo está disposto a aprofundar os negócios com o PT.
Essa é a tendência. Mas Chalita é um personagem maleável o suficiente para se acomodar também com os tucanos, caso uma reviravolta na correlação de forças assim exija. Seu oportunismo é, por assim dizer, ecumênico. Espiritualmente, ele sempre pertenceu ao PMDB.


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