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Indústria sem lastro
Os primeiros anúncios da descoberta de grandes reservas de petróleo e gás na camada do pré-sal
estão perto de completar cinco
anos. Desde então, vem sendo
confirmado o enorme potencial
das jazidas, o que fortalece oportunidades para alavancar vários
segmentos produtivos.
O governo Lula entusiasmou-se
com a ideia. Fixou o objetivo de
produzir em território nacional
parcela importante da grande
massa de sondas, plataformas de
produção de petróleo e navios de
transporte que a exploração do
pré-sal demandará.
Reportagem da Folha, no entanto, traz constatação preocupante: um bom tempo já se passou
e, até o momento, a revitalização
da indústria naval brasileira se
mostra um tanto à deriva.
Grande parte da demanda gerada pelo boom do petróleo e do gás
continua a ser suprida por fornecedores externos. Tome-se o caso
das plataformas. De 22 encomendadas em quatro anos, apenas
três estão sendo fabricadas integralmente no Brasil. Frustração
semelhante para os planos de nacionalização se verifica com sondas e navios de transporte.
A situação parece decorrer, sobretudo, de que as intenções governamentais mais uma vez não
se traduziram em um plano suficientemente articulado e abrangente, capaz de dar conta de um
desafio de grande proporção.
O fato é que, tendo atravessado
crise severa nas décadas de 1980 e
1990, a indústria naval brasileira
quase desapareceu. Enquanto isso, concorrentes externos -da Coreia, da China, de Cingapura- ganharam mercado com apoio decisivo dos respectivos governos e
agora se beneficiam com a crescente demanda brasileira.
Em parte, esse movimento reflete um aspecto macroeconômico: a
valorização do real, que corrói a
competitividade da produção nacional, e para a qual as autoridades não têm resposta eficaz.
Evidentemente, questões setoriais também exercem seu peso. A
indústria naval padece com a oferta insuficiente de componentes
nacionais. Os empresários da área
apontam que também é problemática a oferta de financiamento,
tanto pelas limitações do volume
de recursos como pelo excesso de
burocracia para ter acesso a ele.
Para tirar proveito das oportunidades abertas pelo pré-sal, é
preciso que o setor logre dar um
salto em sua capacidade produtiva e em seu padrão tecnológico.
As políticas articuladas até o
momento pelas autoridades estão
muito aquém das necessidades.
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