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O CASO GAROTINHO
Uma avaliação de menos de seis
meses de governo pode ser precipitada, mas chama a atenção o desempenho do governador estreante do Rio,
Anthony Garotinho (PDT), em especial se comparado ao de governadores que também assumem o cargo
pela primeira vez. O pedetista lidera
o ranking dos governadores de dez
Estados realizado pelo Datafolha.
Decerto Garotinho dispunha de algumas vantagens comparativas. Assumiu o Estado após uma administração tão criticada que o então governador desistiu da recandidatura;
tinha o benefício do contraste. Mas
ele não dissipou esse capital inicial.
O governador do Rio tomou posse
sob suspeita de brizolismo. Mas
afastou por ora tais suspeitas com
medidas enérgicas na área de segurança pública, por exemplo.
Mostrou-se hábil ao conseguir se
fazer tanto crítico do governo federal, tomando parte da frente de governadores de oposição, como capaz
de passar a imagem de defensor de
interesses do Rio, obtendo concessões do Planalto. Foi sagaz ao subir
um morro para se desculpar da violência letal da polícia. Baixou tarifas
de ônibus por decreto. Tem um secretariado tido como de bom nível
técnico. Passa ao menos a impressão
de que o governo do Rio de Janeiro
estaria voltando a funcionar.
Garotinho tem de resto o apelo de
características que "modernizam" a
morenidade mítica do PDT de Darcy
Ribeiro. Une na sua figura um tipo de
religiosidade carismática cada vez
mais popular e o também popular
traquejo ao lidar com meios de comunicação de massa. Se conseguir
conciliar seu discreto populismo
com eficiência, pode de fato se tornar
nome nacional da política, para o que
aliás já trabalha com afinco.
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