São Paulo, Sexta-feira, 25 de Junho de 1999
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O CASO GAROTINHO

Uma avaliação de menos de seis meses de governo pode ser precipitada, mas chama a atenção o desempenho do governador estreante do Rio, Anthony Garotinho (PDT), em especial se comparado ao de governadores que também assumem o cargo pela primeira vez. O pedetista lidera o ranking dos governadores de dez Estados realizado pelo Datafolha.
Decerto Garotinho dispunha de algumas vantagens comparativas. Assumiu o Estado após uma administração tão criticada que o então governador desistiu da recandidatura; tinha o benefício do contraste. Mas ele não dissipou esse capital inicial.
O governador do Rio tomou posse sob suspeita de brizolismo. Mas afastou por ora tais suspeitas com medidas enérgicas na área de segurança pública, por exemplo.
Mostrou-se hábil ao conseguir se fazer tanto crítico do governo federal, tomando parte da frente de governadores de oposição, como capaz de passar a imagem de defensor de interesses do Rio, obtendo concessões do Planalto. Foi sagaz ao subir um morro para se desculpar da violência letal da polícia. Baixou tarifas de ônibus por decreto. Tem um secretariado tido como de bom nível técnico. Passa ao menos a impressão de que o governo do Rio de Janeiro estaria voltando a funcionar.
Garotinho tem de resto o apelo de características que "modernizam" a morenidade mítica do PDT de Darcy Ribeiro. Une na sua figura um tipo de religiosidade carismática cada vez mais popular e o também popular traquejo ao lidar com meios de comunicação de massa. Se conseguir conciliar seu discreto populismo com eficiência, pode de fato se tornar nome nacional da política, para o que aliás já trabalha com afinco.


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