São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 2008

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Editoriais

Mais moderação

O AUMENTAR a dose de juros básicos, o Comitê de Política Monetária respondeu ao salto das expectativas inflacionárias. Em abril, quando o BC deu início à atual rodada de aperto monetário, tanto as projeções sobre a subida dos preços em 2008 como a inflação acumulada em 12 meses estavam muito perto do centro da meta oficial, que é de 4,5%. Agora já ameaçam romper o teto, de 6,5%.
O impacto da inflação dos alimentos no custo de vida do consumidor tem ido mais longe do que era previsto. Além disso, outros preços importantes por seu grau de disseminação na economia, como os do aço e do petróleo, começaram a se desgarrar. Nesse contexto, não foi descabida a opção do Copom por um aumento maior da Selic, de 0,75 ponto percentual. Ainda assim, teria sido preferível manter o ritmo anterior, de meio ponto.
O fenômeno inflacionário, como se sabe, não atinge apenas o Brasil. Trata-se de um ciclo global de alta de preços com as mesmas características -liderado pela disparada no custo da comida, dos metais e da energia. Entre os países chamados emergentes, muitos dos quais já convivem com taxas inflacionárias de dois dígitos, a situação brasileira é relativamente confortável.
Não se trata de defender que o BC permaneça inerte diante da notória elevação dos preços internos. O fato de a inflação ser global -e de seu equacionamento, portanto, depender diretamente da conjuntura internacional- não exime os governos de agirem localmente para minimizar o impacto da alta de preços, que atinge com maior intensidade os mais pobres.
Mas o caráter mundial da inflação, a sua relação com um grande movimento especulativo contra o dólar e seu impacto comparativamente menor nos preços internos deveriam servir para o Copom moderar a sua reação. O Brasil não precisa lançar-se numa competição internacional para saber quem aumenta mais os juros básicos.


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