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Mais moderação
O AUMENTAR a dose de juros básicos, o Comitê de
Política Monetária respondeu ao salto das expectativas
inflacionárias. Em abril, quando
o BC deu início à atual rodada de
aperto monetário, tanto as projeções sobre a subida dos preços
em 2008 como a inflação acumulada em 12 meses estavam muito
perto do centro da meta oficial,
que é de 4,5%. Agora já ameaçam
romper o teto, de 6,5%.
O impacto da inflação dos alimentos no custo de vida do consumidor tem ido mais longe do
que era previsto. Além disso, outros preços importantes por seu
grau de disseminação na economia, como os do aço e do petróleo, começaram a se desgarrar.
Nesse contexto, não foi descabida a opção do Copom por um aumento maior da Selic, de 0,75
ponto percentual. Ainda assim,
teria sido preferível manter o ritmo anterior, de meio ponto.
O fenômeno inflacionário, como se sabe, não atinge apenas o
Brasil. Trata-se de um ciclo global de alta de preços com as mesmas características -liderado
pela disparada no custo da comida, dos metais e da energia. Entre os países chamados emergentes, muitos dos quais já convivem com taxas inflacionárias de
dois dígitos, a situação brasileira
é relativamente confortável.
Não se trata de defender que o
BC permaneça inerte diante da
notória elevação dos preços internos. O fato de a inflação ser
global -e de seu equacionamento, portanto, depender diretamente da conjuntura internacional- não exime os governos de
agirem localmente para minimizar o impacto da alta de preços,
que atinge com maior intensidade os mais pobres.
Mas o caráter mundial da inflação, a sua relação com um grande
movimento especulativo contra
o dólar e seu impacto comparativamente menor nos preços internos deveriam servir para o
Copom moderar a sua reação. O
Brasil não precisa lançar-se numa competição internacional
para saber quem aumenta mais
os juros básicos.
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