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PAINEL DO LEITOR
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Seleção
Ridículo, porém sintomático,
o caso envolvendo o técnico Muricy e a seleção brasileira de futebol. Ao dizer não à seleção, Muricy revela que, no Brasil, o importante é o meu lado: o país fica
em segundo plano. E a piada que
fica é: não vou para seleção brasileira porque quero ser campeão
brasileiro. Nessas horas me vem
à cabeça Oscar Schmidt chorando pela medalha no Pan de 1987.
Ele recusou a NBA, os dólares e a
fama, pois, se fosse, não poderia
mais servir à seleção brasileira.
JURANDIR CAMPOS JUNIOR (Taubaté, SP)
Muricy Ramalho fez muito
bem em não trocar o Fluminense, onde está realizando um excelente trabalho, pela seleção.
Nem sempre o melhor técnico
consegue bons resultados na seleção, é preciso ter muita sorte.
Prova disso foi Telê Santana, que
encantou o mundo na Copa de
82 e não conseguiu ser campeão.
GILBERTO DE CAMARGOS CUNHA (Uberlândia, MG)
Véu
Alguns leitores têm se manifestado a respeito da proibição
do uso do véu pelas muçulmanas na França. Uma leitora chega mesmo a dizer que sua proibição ofende culturas não ocidentais. Não sejamos tão tolos assim! Entre o véu que cobre a cabeça e a burca que esconde totalmente a mulher há uma gradação, sim. A burca é ultrajante para a mulher, pois nega-lhe o direito à identidade pessoal, além
de ser potencialmente um perigo
à segurança da comunidade.
Até quando permitiremos que
uma sociedade laica e democrática tenha de se submeter aos valores de uma religião, seja ela
qual for? A fé pertence ao domínio privado. Circular em público
com algo que esconde inteiramente o rosto e o corpo é tentar
confundir as duas esferas, que a
modernidade há muito separou.
HERBERT LUIZ BRAGA FERREIRA (Manaus, AM)
Morte no Rio
Causa-me indignação a forma
incriminatória com que a Rede
Globo está noticiando o acidente
que infelizmente ceifou a vida de
Rafael Mascarenhas. Em nenhum momento a emissora mencionou que o rapaz estava totalmente errado ao andar de skate
no túnel. Todos nós sabemos
que, para praticar tais esportes,
devemos ter o máximo de segurança. Rafael foi imprudente e
poderia ser atropelado por uma
viatura da empresa que faz a manutenção da pista. Não cabe inocentar o motorista que o atropelou, mas ele é o menos culpado.
PAULO SPINELLI (Caraguatatuba, SP)
A atitude da família Bussamra, de aceitar o pedido de suborno de policiais na tentativa de livrar o filhinho da Justiça mostra
os jovens imprudentes, inconsequentes e irresponsáveis que
uma geração de pais insiste em
proteger. Na hora do desespero,
o dinheiro fala mais alto, mostrando que não houve educação
de valores de solidariedade e honestidade. Em nenhum momento o rapaz, os amigos e a família
pensaram em fazer o certo: ir à
polícia e assumir a responsabilidade pelos atos. As atitudes dos
pais explicam a atitude do filho:
por que este pararia para acudir
e arcar com as consequências de
seus atos se existe aquele que irá
protegê-lo e burlar o sistema?
CAROLINA L. NAKA (Curitiba, PR)
Fernanda Torres
Concordo com a Fernanda
Torres (Poder, 24/7): a disputa
hoje não é entre esquerda e direita, mas sim entre esquerda e esquerda. Na verdade, o pensamento de direita no Brasil deixou de
existir ainda no começo da Revolução de 1964. Durante a repressão, esquerda e direita acabaram
virando sinônimos de contra e a
favor da ditadura. Hoje, na ausência do inimigo comum, a definição se esculhambou de vez: esquerda são aqueles que se declaram como tal, e direita são aqueles que eles não gostam!
ALDO FELICIO NALETTO JUNIOR (São Paulo, SP)
Turismo
O caderno Turismo de 22 de
julho foi uma "viagem" excepcional e uma aula sobre expressionismo. Vou guardar o suplemento. Também merecedora de elogios, há muito tempo, é a seção
"Mercado Aberto", com suas fotos sempre criativas.
OTTOMAR STRELOW (São Paulo, SP)
Acidente
Em relação ao artigo "O outro
lado da moeda", de Rodolfo Landim (Mercado, 23/7), assistimos
sim consternados aos acidentes
aéreos que dizimam centenas de
pessoas, e estudos devem ser feitos para evitá-los. Mas, quando
nos deparamos com um acidente
como a explosão que ocorreu na
plataforma no golfo do México, ficamos horrorizados ao constatar
a impotência dos técnicos nas
tentativas frustradas para controlar o vazamento. Mesmo com todo o aperfeiçoamento tecnológico da indústria petrolífera, o vazamento só foi contido após 60
dias, e provisoriamente.
As empresas exploradoras podem e devem assumir os custos financeiros de manter os equipamentos parados por um tempo, e
esperar por uma decisão baseada
em um maior conhecimento do
que ocorreu para prevenir tamanhos danos ao meio ambiente.
ROSA MARIA REZENDE REITANO (Sorocaba, SP)
Edificações
No "Painel do Leitor" de 13/7,
o Secovi contesta posição do
prof. Nabil Bonduki de que o art.
182 da Constituição se aplica
também a edificações não utilizadas ou subutilizadas, e não só
a terrenos. Alega que tanto a
Constituição como o Estatuto da
Cidade mencionam claramente
"solo urbano", o que não abrangeria edificações. Discordo.
1) O parágrafo 2º daquele artigo refere-se à "propriedade urbana", o que inclui tanto terrenos
como edificações. 2) A Constituição se baseia no princípio de que
"toda propriedade deve cumprir
uma função social". Não só os
terrenos, mas também as edificações sub ou não utilizadas são
propriedades urbanas que não
cumprem sua função social. 3)
Toda edificação é, intrinsecamente, terreno. Quanto às penalidades, elas visam obrigar o proprietário a dar uma função social
à sua propriedade. Não só edificar ou lotear, mas também "utilizá-la", o que se aplica a edifícios.
Finalmente, discordamos da
pretensiosa posição do Secovi de
que opiniões diferentes da suas
venham a "aumentar a insegurança jurídica no país". É lamentável que o Secovi defenda que
os proprietários de edificações
sub ou não utilizadas estejam
isentos de dar uma função social
a suas propriedades.
FLÁVIO VILLAÇA , professor titular aposentado da
FAU-USP (São Paulo, SP)
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