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SEM PRECIPITAÇÃO
A inflação ao consumidor está em desaceleração, conforme
indicadores divulgados ontem pelo
IBGE. Entre bancos e consultorias
predomina a expectativa de que a alta
dos preços continuará a perder ímpeto até o final de agosto, permitindo que o IPCA, índice oficial que baliza as metas de inflação, feche o mês
com elevação da ordem de 0,6%.
Pode-se argumentar que esse recuo
da inflação é ilusório, pois está sendo
auxiliado por fatores transitórios, como o refluxo sazonal dos preços de
alimentos e de artigos de vestuário.
No entanto a descompressão poderia ser maior se não estivessem presentes pressões, também transitórias, associadas a aumentos de preços administrados -como tarifas de
telefonia e energia elétrica.
Para isolar a influência desses movimentos episódicos e apurar a tendência geral dos preços, convém observar como vem se comportando o
chamado "núcleo" da inflação. Esse
indicador, calculado segundo diversas metodologias, manteve-se em
desaceleração nas últimas semanas.
Ao lado dos resultados efetivamente observados, também as expectativas quanto aos preços vêm mantendo comportamento relativamente favorável. Em particular, a inflação
projetada pelo mercado para 2005 se
mantém inalterada há nove semanas
em 5,5%, apenas um ponto percentual acima da meta (sabidamente
ambiciosa) fixada pelo governo.
Num contexto em que o preço do
petróleo se mantém bastante alto há
semanas, esses são resultados auspiciosos. Somando a eles o recuo da
cotação do dólar, no Brasil, e os sinais -ainda incipientes, mas alentadores- de que a cotação internacional do petróleo pode começar a ceder, configura-se um desanuviar das
pressões inflacionárias. Isso sugere
que um aumento da taxa básica de
juros no Brasil, que alguns economistas vêm defendendo, constituiria
um gesto, além de indesejável, tecnicamente precipitado.
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