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São Paulo, quinta-feira, 25 de setembro de 2003

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PIORA DURADOURA

A taxa básica de juros está em trajetória declinante, surgem pálidos sinais de retomada das vendas ao mercado interno, e os mais otimistas afiançam que a recessão já teria ficado para trás -mas o desemprego não diminui. Segundo o IBGE, em agosto a taxa de desocupação se situou em 13%, tendo subido ligeiramente em relação aos 12,8% observados em julho e igualado o recorde histórico de junho.
É verdade que a pesquisa, realizada nas seis principais regiões metropolitanas do país, não trouxe apenas resultados negativos. O rendimento médio dos trabalhadores -que ao longo do ano caiu de forma expressiva e quase ininterrupta- teve de junho para julho, com a ajuda das reduzidas taxas de inflação verificadas no período, aumento real de 1,5%.
Embora essa pequena reação da renda seja um sinal alentador, infelizmente não há espaço para maior otimismo em relação às perspectivas do mercado de trabalho. Mesmo admitindo-se que a economia consiga encontrar um ritmo razoável de crescimento, tanto a expansão do emprego como a recuperação dos rendimentos reais tenderão a ser lentos.
De imediato, a incerteza que ainda persiste em relação à velocidade e à sustentabilidade da retomada da atividade econômica tende a manter a cautela das empresas nas contratações. Além disso, a maioria dos setores da indústria ainda mantém elevada margem de capacidade produtiva ociosa -o que inibirá ainda por algum tempo o investimento e a ampliação do emprego a ele associada.
Nesse cenário, o desemprego continuará elevado, limitando o poder de barganha dos trabalhadores nas negociações salariais. O rendimento real médio dos assalariados se mantém em tendência de queda desde 1999 (quando a adoção do câmbio flutuante deu ensejo a um repique da inflação). Estima-se que desde então esse rendimento tenha acumulado corrosão da ordem de 20%.
Não há, portanto, razões que levem a crer que a grave piora sofrida pelo mercado de trabalho nos últimos anos vá ser superada rapidamente.


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