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PIORA DURADOURA
A taxa básica de juros está em
trajetória declinante, surgem
pálidos sinais de retomada das vendas ao mercado interno, e os mais
otimistas afiançam que a recessão já
teria ficado para trás -mas o desemprego não diminui. Segundo o IBGE, em agosto a taxa de desocupação se situou em 13%, tendo subido
ligeiramente em relação aos 12,8%
observados em julho e igualado o recorde histórico de junho.
É verdade que a pesquisa, realizada
nas seis principais regiões metropolitanas do país, não trouxe apenas resultados negativos. O rendimento
médio dos trabalhadores -que ao
longo do ano caiu de forma expressiva e quase ininterrupta- teve de junho para julho, com a ajuda das reduzidas taxas de inflação verificadas
no período, aumento real de 1,5%.
Embora essa pequena reação da
renda seja um sinal alentador, infelizmente não há espaço para maior
otimismo em relação às perspectivas
do mercado de trabalho. Mesmo admitindo-se que a economia consiga
encontrar um ritmo razoável de crescimento, tanto a expansão do emprego como a recuperação dos rendimentos reais tenderão a ser lentos.
De imediato, a incerteza que ainda
persiste em relação à velocidade e à
sustentabilidade da retomada da atividade econômica tende a manter a
cautela das empresas nas contratações. Além disso, a maioria dos setores da indústria ainda mantém elevada margem de capacidade produtiva
ociosa -o que inibirá ainda por algum tempo o investimento e a ampliação do emprego a ele associada.
Nesse cenário, o desemprego continuará elevado, limitando o poder
de barganha dos trabalhadores nas
negociações salariais. O rendimento
real médio dos assalariados se mantém em tendência de queda desde
1999 (quando a adoção do câmbio
flutuante deu ensejo a um repique da
inflação). Estima-se que desde então
esse rendimento tenha acumulado
corrosão da ordem de 20%.
Não há, portanto, razões que levem
a crer que a grave piora sofrida pelo
mercado de trabalho nos últimos
anos vá ser superada rapidamente.
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