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FERNANDO GABEIRA
Uma jogada em Honduras
RIO DE JANEIRO - Estamos com
um pepino em Tegucigalpa. Foi o
que disse para apressar um debate e
correr para o Congresso. Zelaya entrara na Embaixada do Brasil. Nesses momentos, discute-se a responsabilidade ou concentra-se em resolver uma situação delicada.
Política externa no Brasil não dá
nem tira um mísero voto. Mas nossa importância está crescendo no
mundo. Com ela, cresce a audácia
de seus formuladores. O egípcio Farouk Hosni, que tanto criticamos,
foi abraçado orgulhosamente por
Lula e Amorim. Perdeu a eleição na
Unesco. Quanto mais criticávamos
a escolha, mais assumiram que era
esse o caminho correto.
Já pedi asilo, já levei amigos que
se asilaram e visitei outros que foram acolhidos. Conheço um pouco
esse processo. Não acredito na versão. Mas é preciso contribuir para
que o governo saia dessa situação
delicada. Mesmo porque a melhor
maneira de influenciá-los não passa
pela crítica. De um modo geral, sentem-se feridos e empacam.
Manter a integridade de nosso
prédio e das pessoas é uma causa
comum. A outra é impedir que Zelaya transforme a representação
brasileira numa sede de governo. A
partir dessas premissas, é possível
que o pior seja evitado.
Há uma chance de que a crise se
arraste até as eleições. Nesse caso, o
problema seria resolvido pelo novo
governo, investido do voto popular.
Vamos jogar paciência. Se Honduras não se importa que Zelaya fique um tempo, como declarou Micheletti, se Zelaya não se importa
em ficar calado, há uma ampla margem de manobra.
Num outro país, talvez fosse possível influenciar o governo a partir
do Congresso. Aqui é difícil. Há
uma santíssima trindade que tudo
sabe, tudo vê, tudo decide. Se optou
por um salto no escuro é preciso
ajudá-la. Caso contrário, a saída é
tomar um porre com Farouk em
Charm El Sheik.
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