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SERGIO COSTA
Preparar para não decolar
RIO DE JANEIRO - Na aviação,
perfeição é apenas aceitável. A frase
sugere tolerância zero com o erro,
precisão máxima ao levantar e pousar em segurança um monte de aço
bem mais pesado que o ar. A máxima, usada com gosto por oficiais da
Aeronáutica, talvez nunca tenha sido tão desafiada como nesses dias
que voaram em 2006.
Falhas humanas, equipamentos
deficientes, sobrecarga de trabalho,
inglês precário de quem precisa se
comunicar com pilotos, mais bilhetes do que assentos claustrofóbicos,
impontualidade absurda, filas intermináveis, autoridades despreparadas, espaço aéreo congestionado.
Que mais? Ora, se isso não é o que se
chama dar chance ao azar...
A situação nos ares e aeroportos
chegou a esse ponto a partir da batida entre o Legacy e o avião da Gol?
Ou não será que o desleixo na busca
de uma aceitável perfeição, mais o
estresse geral, não criam as condições para choques no céu e um inferno na terra?
Os sinais vêm de antes. Desde que
a velha Varig embicou de vez para
baixo, no início do ano, os ares já
não estavam para brigadeiro. Ali
por abril, maio, pegar uma simples
ponte aérea passou a testar a paciência dos sempre apressados passageiros entre Rio e São Paulo. E
não era só o trânsito paulistano que
os tiravam do sério.
As empresas que dominam o
mercado nunca ganharam tanto dinheiro como neste ano que, ao menos do ponto de vista dos passageiros, finalmente se encerra.
Mas ao mesmo tempo nunca foi
tão massacrante viajar de avião. Decididamente, alguma coisa não bate
nos dois lados dessa equação. Melhor afrouxar os cintos e passar o
verão por aqui mesmo. Com licença, que a praia é logo ali.
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