São Paulo, terça-feira, 26 de fevereiro de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Dengue
"Poucas vezes o "Painel" da Folha transmitiu uma informação tão falsa aos seus leitores como na nota "Tragédia anunciada" (pág. A3, 23/2), em que afirmou que "o governo FHC reduziu em 71,5% a verba destinada para a erradicação do Aedes aegypti no país". A verdade é outra. Entre 1996 e 2001, os gastos com a dengue aumentaram de R$ 190 milhões para R$ 568 milhões. E o "Painel" afirma, irresponsavelmente, que neste último ano a despesa foi de R$ 70,9 milhões! A irresponsabilidade não se resume apenas à desinformação ao leitor. Ela se estende ao fato de que não foi cumprido um preceito básico do jornalismo: conferir a veracidade de uma informação recolhida. Os jornalistas do "Painel" descumpriram esse preceito, pois não procuraram o Ministério da Saúde nem a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) para checar os dados. O deputado doutor Rosinha (PT), que transmitiu os dados errados ao "Painel", é um homem de boa-fé, mas provavelmente foi iludido pelos seus assessores. Até 1999, o dinheiro gasto com o combate à dengue constava de um projeto orçamentário denominado "Erradicação do Aedes aegypti do Brasil". A partir de 2000, porém, a parcela dos recursos para o combate à dengue, transferidos aos Estados e municípios, passou a integrar o projeto orçamentário denominado "Incentivo Financeiro às Ações de Epidemiologia e Controle de Doenças", cujos gastos totais com o controle das endemias alcançaram, em 2001, o valor de R$ 946 milhões. Dentro desse item estão os gastos com a dengue, que se elevaram a R$ 568 milhões. Como os assessores do deputado ignoram ou fingiram ignorar a estrutura orçamentária de gastos do Ministério da Saúde, passaram ao "Painel" a informação errada."
Mauro Ricardo Machado Costa, presidente da Funasa (Brasília, DF)

Nota da Redação - Sobre os gastos no combate ao Aedes aegypti, leia abaixo a seção "Erramos".

Brasil
"José Serra era ministro da Saúde "até ontem" e atravessamos uma epidemia de dengue, mas, mesmo assim, subiu nas pesquisas eleitorais. A popularidade de FHC aumentou, apesar de estarmos passando pela maior crise de segurança pública da história do país. Paulo Maluf, em meio a escândalos financeiros e depois de acusações de ter desfalcado a prefeitura de São Paulo, também subiu nas pesquisas. Estes e outros fatores parecem não ser indícios de falta de competência ou de seriedade, pois parece que a população não está sendo informada dos reais acontecimentos. O que está fazendo a imprensa brasileira? E a Folha? Estão cumprindo com o seu papel, que é o de informar?"
Nilce Cristina Aravecchia (Itápolis, SP)

Ombudsman
"Discordo totalmente do leitor Antonio Carlos Monteiro ("Ombudsman", "Painel do Leitor", 23/2) quanto ao ombudsman da Folha, Bernardo Ajzenberg. Todas as vezes em que recorri a ele fui atendido de forma atenciosa. Espero que seu mandato seja renovado, pois estou satisfeito com o seu trabalho."
Eduardo Guimarães (São Paulo, SP)

Filantropia
"Compro a Folha todos os domingos para ler a coluna de Josias de Souza sobre a fi(pi)lantropia com o dinheiro do contribuinte que órgãos do governo federal vêm praticando em favor de entidades que se escondem atrás de favores públicos. É interessante que até hoje não tenha havido -eu pelo menos não vi- nenhuma manifestação do presidente da República ou de seus iguais sobre esse crime contra o INSS. Na realidade, a explicação é fácil. É muito mais fácil dizer que o salário mínimo causa inflação e quebra a Previdência do que fiscalizar essas entidades que se dizem filantrópicas apenas para escapar dos impostos. Quanto o governo já não deixou de arrecadar desde que esses crimes passaram a ocorrer? Dá para imaginar que os prejuízos já somam alguns bilhões de reais. Quantos estudantes poderiam ter-se beneficiado de bolsas de estudos, mas foram colocados à margem do processo por pura falta de controle do governo?"
Marcos de Assis (São Paulo, SP)

Jovens, política e TV
"A Ilustrada de ontem presta um importante serviço à sociedade ao mostrar que a TV brasileira começa a dar uma maior atenção às opiniões dos jovens ("Fala sério", pág. E1). Refiro-me à iniciativa da MTV de abrir um importante espaço na mídia aos jovens com a cobertura diferenciada que a emissora fará nas próximas eleições. Dessa forma, com transparência, poderemos saber as verdadeiras opiniões dos jovens brasileiros."
Marcus Hadade, coordenador do Fórum de Jovens Empresários da Associação Comercial de São Paulo (São Paulo, SP)

Eleições
"Acompanhei com indignação pesquisa realizada pelo Datafolha que mostra que Roseana Sarney está se aproximando de Lula e que, se houver um segundo turno entre Lula e Roseana, a governadora do Maranhão vencerá a eleição. Será que o povo, depois de sete anos de sofrimento com esse governo de FHC, é capaz de votar e de eleger um candidato ligado ao governo?"
Saulo Puga (São Roque, SP)

A Folha, por meio de seus articulistas Eliane Cantanhêde ("Ajoelhou, tem que rezar", pág. A2, 21/2) e Clóvis Rossi ("De sonhos e vitórias", pág. A2, 22/2), está falando exatamente tudo o que as "esquerdas do PT" pensam sobre essa aliança inominável que a direção partidária está querendo "enfiar goela abaixo" de seus filiados. Não sou ligado organicamente a nenhuma corrente interna do partido. Sou independente, embora petista "histórico" (ou dinossauro, como dizem os meninos da juventude petista), tendo sido um dos fundadores do partido em Campinas. E é nesse contexto de simples militante que dedica sua vida há 22 anos ao partido que venho discordar totalmente das tentativas de aliança -não só com o PL mas também com o PMDB ou com parte dele. Como disse Clóvis Rossi, prefiro "sonhar o sonho, certo ou errado" a "sonhar a vitória e perder o sonho"."
José Ruiz (Campinas, SP)

Amizades
"Foi muito comovente abrir a Folha de ontem e ler o artigo "Duas vidas, uma trajetória" ("Tendências/Debates", pág. A3), do economista Ricardo Montoro. De fato, seus pais foram tudo isso e muito mais. Ambos fizeram o rigoroso curso de filosofia da Faculdade São Bento na época em que a velha São Paulo formava expoentes do mundo das letras. Naquele curso, nos distantes anos 30, as conversas eram memoráveis. Muitas vezes aparecia lá, entre tantos, o professor Goffredo, ainda jovem, mas que já mostrava o talento que hoje ilumina os caminhos do direito brasileiro. Como professores, eles tinham dom Nicolau, dom Xavier e o inesquecível Leonardo van Acker. Este último, amigo de Franco Montoro e de Lucy Montoro até o fim da vida. São histórias da antiga São Paulo, do velho São Bento, do tempo em que as amizades atravessavam décadas."
Miguel Matos (Ribeirão Preto, SP)

Cabra parida
"Genial o artigo "Cabra parida", de José Sarney (Opinião, pág. A2, 22/2). Com humor e exatidão, ele soube analisar os métodos pouco democráticos e honestos dos quais se utiliza o governo norte-americano para manipular a opinião pública internacional."
Bruno Lenzi (São Paulo, SP)



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