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RICOS SEM PRESSA
Os países ricos parecem sem pressa. O G-7 aprovou, em sua reunião
do último fim-de-semana, criação de
um grupo -mais um- de discussões: o Fórum para a Estabilidade Financeira, cuja missão é fiscalizar e
avaliar os perigos de crises monetárias internacionais.
Como sempre, a convocação de
grupos de debate serve como biombo
para ocultar a ausência de acordo
com a consequente falta de consenso
quanto a medidas práticas. No caso
da reunião do G-7, havia um sério
conflito de visões subjacente às reiterações retóricas de que é preciso enfrentar as crises financeiras globais.
Os EUA defendiam a manutenção do
mais amplo liberalismo no trato dos
fluxos internacionais de capitais. Os
europeus, pelo contrário, preferiam
políticas mais intervencionistas.
Mas as divergências entre os mais
ricos não se limitam à forma de tratar
a instabilidade financeira. Há também uma séria divergência no campo
das políticas comerciais. Os chamados mercados emergentes, mesmo
depois das crises sucessivas, têm
mantido relativamente intactos seus
compromissos com o livre-comércio. Enquanto isso, tanto norte-americanos quanto europeus protegem
cada vez mais os seus mercados, não
apenas das exportações dos emergentes, mas também da competição
no âmbito do Primeiro Mundo.
Como se as diferenças na área das
finanças e do comércio já não fossem
sérias o suficiente, há também ranger de dentes quando se trata de discutir o cenário de crescimento econômico nos próximos anos. Os EUA
cobram dos europeus, assim como
dos japoneses, medidas mais eficazes de estímulo à demanda. Sem poder ou querer estimular mais suas
economias, a União Européia e a Ásia
correm ainda o risco de uma desaceleração da economia norte-americana nos próximos meses.
Há bom número de razões para que
os principais líderes financeiros globais coordenem suas políticas econômicas. Mas sem consenso, fica a
angustiante sensação de que por um
bom tempo não se ficará muito além
da lenta busca de soluções.
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