São Paulo, Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 1999
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RICOS SEM PRESSA

Os países ricos parecem sem pressa. O G-7 aprovou, em sua reunião do último fim-de-semana, criação de um grupo -mais um- de discussões: o Fórum para a Estabilidade Financeira, cuja missão é fiscalizar e avaliar os perigos de crises monetárias internacionais.
Como sempre, a convocação de grupos de debate serve como biombo para ocultar a ausência de acordo com a consequente falta de consenso quanto a medidas práticas. No caso da reunião do G-7, havia um sério conflito de visões subjacente às reiterações retóricas de que é preciso enfrentar as crises financeiras globais. Os EUA defendiam a manutenção do mais amplo liberalismo no trato dos fluxos internacionais de capitais. Os europeus, pelo contrário, preferiam políticas mais intervencionistas.
Mas as divergências entre os mais ricos não se limitam à forma de tratar a instabilidade financeira. Há também uma séria divergência no campo das políticas comerciais. Os chamados mercados emergentes, mesmo depois das crises sucessivas, têm mantido relativamente intactos seus compromissos com o livre-comércio. Enquanto isso, tanto norte-americanos quanto europeus protegem cada vez mais os seus mercados, não apenas das exportações dos emergentes, mas também da competição no âmbito do Primeiro Mundo.
Como se as diferenças na área das finanças e do comércio já não fossem sérias o suficiente, há também ranger de dentes quando se trata de discutir o cenário de crescimento econômico nos próximos anos. Os EUA cobram dos europeus, assim como dos japoneses, medidas mais eficazes de estímulo à demanda. Sem poder ou querer estimular mais suas economias, a União Européia e a Ásia correm ainda o risco de uma desaceleração da economia norte-americana nos próximos meses.
Há bom número de razões para que os principais líderes financeiros globais coordenem suas políticas econômicas. Mas sem consenso, fica a angustiante sensação de que por um bom tempo não se ficará muito além da lenta busca de soluções.


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