UOL




São Paulo, sábado, 26 de abril de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

A Páscoa definitiva

Na Vigília Pascal, renovamos a profissão de nossa fé em Cristo e pedimos a Deus que nos ajude a viver as promessas de nosso batismo.
O "Credo cristão" inicia com a afirmação da fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo que, por amor, nos cria, salva e santifica. A profissão termina proclamando a ressurreição dos mortos e a vida eterna. É a Páscoa definitiva. Eis a nossa esperança. Jesus Cristo venceu a morte. Vive para sempre.
A doutrina da Igreja nos ensina que a morte corporal, a que teríamos sido subtraídos se não houvesse o pecado, foi vencida e transformada por Jesus Cristo. Assim, cremos que, pela força de sua ressurreição, Deus, na sua misericórdia, há de nos ressuscitar para a vida eterna.
Permanece, é verdade, o mistério da liberdade humana, que pode afastar-nos de Deus. Mas permanece também a confiança na misericórdia divina, que, em Cristo, nos promete os meios para a salvação, o perdão dos pecados, a correção de nossas faltas e a esperança de, após a morte, vivermos para sempre em comunhão de amor com a Santíssima Trindade e entre nós.
É preciso, pois, superar a visão negativa da morte apenas como termo da peregrinação terrestre da pessoa humana, para abrir-se à realidade de quem caminha para a comunhão plena com o Deus da vida, que nos quer fazer para sempre felizes. A "Páscoa da terra para o céu" nos interiorizará numa festa sem fim. Na qual não existirá o ódio, nem a dor, nem a morte.
Quem não se alegra pensando que nosso destino é a comunhão com as Pessoas Divinas, com a Mãe de Deus e nossa e todos aos quais se estenda a salvação de Cristo ?
A promessa da felicidade eterna deve, no entanto, ajudar-nos a assumir com ardor o compromisso cotidiano da fraternidade e a superar, com a graça divina, a violência e as injustiças. Em meio à situação trágica do após-guerra no Iraque, dos conflitos na Terra Santa e em outras regiões e da fome e das graves desigualdades sociais, temos de vencer o medo e o desânimo quanto ao futuro da humanidade. A vitória de Cristo ressuscitado continua atuando na história e vencendo o mal com o bem.
A expectativa da Páscoa definitiva nos anima e encoraja para testemunhar, ainda nesta vida, os valores do Reino de Cristo: a confiança na misericórdia divina, o amor gratuito a todos, a luta pelos direitos humanos, o serviço aos necessitados e o perdão das ofensas.
Ouçamos a palavra do Papa João Paulo 2º, que insiste na cooperação de todos para o restabelecimento da paz, para o fortalecimento da ONU e para o respeito ao Direito Internacional.
À luz da Ressurreição de Cristo, em sua mensagem pascal, lança o apelo aos crentes de todas as confissões para um frutuoso diálogo e a serem artífices de uma nova era de compreensão, perdão, justiça e concórdia universal. Será sinal e anúncio da Páscoa definitiva.


Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.


Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Letras & letras
Próximo Texto: Frases

Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.