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FERNANDO RODRIGUES
1994 e 2010
BRASÍLIA - Faltam pouco mais de
60 dias para terminar o atual período anômalo no qual os políticos fingem não ser o que são. Até 30 de junho os partidos farão suas convenções, escolherão candidatos e a
campanha oficial começará.
Com a eventual e quase certa saída de cena de Ciro Gomes nesta semana, há poucos eventos com potencial para alterar radicalmente o
quadro eleitoral nos próximos dois
meses. Já virou também uma tradição o fato de a cada quatro anos a final da Copa do Mundo de futebol
coincidir com o início real da campanha presidencial (e para governos estaduais) no Brasil. Neste ano,
o evento esportivo será na África do
Sul e termina em 11 de julho.
Até 30 de junho, algumas legendas ainda terão direito a programas
partidários na TV. É um festival de
propaganda eleitoral disfarçada.
Um comercial anula o outro.
A não ser que um fato muito inesperado ocorra, não é um absurdo
imaginar os candidatos em julho
mais ou menos no mesmo lugar em
que estão hoje nas pesquisas. Será
então o momento de o PT acionar a
sua bomba atômica a favor de Dilma Rousseff: a participação intensa
de Lula na campanha.
Lula terá de ser para Dilma o que
o Plano Real foi para Fernando
Henrique Cardoso em 1994. Naquele ano, durante a Copa, Romário
deixou-se fotografar com uma nota
de R$ 1. Lula era candidato. Liderou
a disputa em boa parte do primeiro
semestre. Depois, só deu FHC.
Mas há diferenças entre 1994 e
2010. Uma delas é o PT ter sido contra o Plano Real. Hoje, o PSDB e José Serra se esmeram para não estigmatizar Lula e o Bolsa Família, os
maiores cabos eleitorais dilmistas.
Não se sabe se Lula teria sido eleito em 1994 se tivesse ficado a favor
do Plano Real. Agora, na dúvida, os
tucanos paparicam Lula e o Bolsa
Família. Vai dar certo? Por enquanto, sim. A resposta definitiva virá
depois da Copa do Mundo.
fernando.rodrigues@grupofolha.com.br
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