São Paulo, quarta-feira, 26 de junho de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Violência
"No momento crítico vivido pelo Brasil, é preciso algo mais forte e mais enérgico do que uma indignação pública do presidente brasileiro. Se a situação continuar assim, as favelas cariocas vão ser como certas áreas na Colômbia, onde o Estado legal não entra. E então a cidade maravilhosa será coisa do passado, e a música de Gilberto Gil, em vez de dizer "o Rio de Janeiro continua lindo", dirá "o Rio de Janeiro foi um dia lindo"."
Flávio Romero Ferreira Soares (Brasília, DF)

"Na segunda-feira, Fernando Gabeira falou sobre como, diante de "catástrofes" na segurança pública que ganham repercussão na mídia, a retórica dos governantes se torna agressiva e enérgica no sentido de que se busquem providências contra o crime ("Violência urbana, uma novela sem fim no Brasil", Turismo, pág. F12). Porém tudo que é dito se esvai à medida que o caso cai no esquecimento -e pouco é efetivamente realizado. Curiosamente, na mesma data, o prédio da Prefeitura do Rio de Janeiro foi alvejado por mais de cem tiros de fuzil. Com isso, reacendeu-se o debate sobre segurança no âmbito político e, novamente, as promessas foram largamente empregadas. Mas, desta vez, a sociedade torce para que seja realizado algo de concreto nessa área e para que nossos dirigentes não se utilizem de suas habilidades oratórias somente como anestésico à indignação popular."
Umberto Guarnier Mignozzetti (Osasco, SP)

PT
"A revelação de que a Polícia Federal "grampeou" o telefone de dezenas de políticos do Partido dos Trabalhadores, praticando espionagem política com objetivos eleitorais, é fato gravíssimo. Ao lado de outros episódios semelhantes, indica claramente que o processo eleitoral no Brasil está prestes a perder a sua legitimidade tamanhas são as afrontas que vem sofrendo pelos atuais donos do poder. Os verdadeiros democratas de nosso país -de todos os partidos, de todos os espectros ideológicos- devem manifestar abertamente o seu repúdio a essa situação. É preciso defender a democracia brasileira!"
Janes Jorge (São Paulo, SP)

"O PT não tem de ficar exclusivamente preocupado com quem foi ou quem não foi que fez os grampos telefônicos. O partido precisa explicar se as suspeitas têm ou não têm fundamento, pois, do contrário, corre o risco de cair na mesma história de Roseana Sarney, que gritou, esperneou, pôs culpa em Deus e no povo, mas jamais esclareceu se o dinheiro vinha ou não de falcatruas."
Paulo César Silva (Belo Horizonte, MG)

"Os recentes escândalos que envolvem prefeituras do PT mostram que o partido é igualzinho aos outros no que há de mais negativo: a desonestidade. E com um agravante, pois, em geral, as administrações do PT demonstram incompetência, como em São Paulo e na minha cidade."
Nelson Brito dos Santos (Araraquara, SP)

Oriente Médio
"Leio Shimon Peres ("O terceiro ângulo", "Tendências/Debates", 23/6) e Edward Said (Mundo, pág. A18, 23/6). Said é professor e intelectual palestino, prova viva das injustiças contra o seu povo (nasceu em Jerusalém antes da criação de Israel e foi "convidado" a se retirar pelos sionistas, como cerca de 800 mil habitantes não-judeus de famílias antiquíssimas do local). A via diplomática e pacífica é o ideal. Mas o que foi que Israel ofereceu aos palestinos entre 1949 e 1964 (criação da OLP)? Nada! Eram uma massa de "apátridas", que vagava por países árabes que não possuíam condições para absorvê-los, pois não recebiam a bilionária ajuda com que os EUA sempre brindaram Israel. Golda Meir chegou a dizer que os palestinos "não existiam". Infelizmente, passaram a "existir" com ações terroristas, porque, pela via diplomática, eram solenemente ignorados. Essa política insensível (e suicida) de Israel custou e ainda custa muito caro para judeus e para árabes. É hora de um "mea culpa" de Israel, reconhecendo as injustiças contra os palestinos e devolvendo-lhes Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental, com o que cessarão os ataques (defesa?) palestinos."
Mauro Fadul Kurban (São Paulo, SP)

Clonagem terapêutica
"Devemos, sim, incentivar a clonagem terapêutica, pois o potencial de cura para várias doenças é inestimável. Não podemos continuar fingindo que não vemos essas doenças. Está na hora de a sociedade humanizar-se e mostrar os seus doentes sem que estes sintam vergonha dos males de que sofrem. Impedir ou dificultar a clonagem terapêutica apenas atrasará que se descubram as curas."
Marcelo Massena (São Paulo, SP)

Sem equilíbrio
"Acabo de ler a reportagem sobre a fome na África ("Fome ameaça 13 milhões no sul da África", Mundo, pág. A18, 25/6) e sinto uma enorme dor interior ao perceber que fomos nós mesmos que deixamos o planeta chegar a esse ponto. Vemos com imoral indiferença a agonia de nossos irmãos africanos. Os milhões de rostos desfigurados pela miséria se repetem em outros países do dito Terceiro Mundo e não geram mais indignação nem nenhum sentimento de culpa. A inépcia de organismos como a FAO prova a nossa incapacidade para trazer ao mundo algo aparentemente simples: equilíbrio. Continuamos a testemunhar a exploração do homem pelo homem."
Rodrigo Gonzaga Sagastume (Brasília, DF)

Precatórios
"Ao adiar mais uma vez o julgamento dos pedidos de intervenção no Estado de São Paulo, decorrentes do não-pagamento dos precatórios -principalmente dos alimentares, que não entram na fila-, o presidente do STF, ministro Marco Aurélio Mendes de Farias Mello, demonstra uma estranha tolerância com o Estado que foi o precursor daquele que ficou conhecido como o escândalo dos precatórios e alimenta o descrédito que se abateu sobre o Judiciário. O ministro não se importa nem mesmo com a Constituição Federal, cujo artigo 100 incrimina o presidente do tribunal competente que, por ato comissivo ou omissivo, retarda ou tenta frustrar a liquidação regular de precatório. A insegurança decorrente é, sem dúvida, um dos mais pesados ingredientes do "custo Brasil"."
Silvio de Barros Pinheiro (Santos, SP)

A intenção
"Gostaria de lembrar ao sr.Roberto Cêra ("Painel do Leitor", 24/6) que Tostão, assim como outros craques nacionais -como Carlos Alberto Torres, Éder, Renato Gaúcho, Mauro Silva, Jorginho-, disse apenas acreditar que a intenção de Ronaldinho Gaúcho fosse cruzar a bola na área, e não fazer o gol. Quanto ao jogo, só quem não conhece futebol pode discordar de que tenha sido uma partida fraca. Tostão, mais uma vez, está com a razão."
Carlos Roberto Delgado (Juiz de Fora, MG)

Patrimônio
"A Secretaria de Estado da Cultura deveria dar mais atenção ao forte São Felipe e à igreja Santo Antonio do Guaibê, construídos em meados do século 16 no início do canal de Bertioga. Ambos estão completamente abandonados, tomados pela vegetação e sendo saqueados por vândalos, que, recentemente, roubaram uma guarita do citado forte. Entendo que a Secretaria da Cultura tenha diversas prioridades, mas não entendo o total descaso com o nosso patrimônio histórico."
Aluisio Bichir (Bertioga, SP)

Faz parte
"A foto do trecho do Rodoanel (Primeira Página, 22/6) é digna de "National Geographic". Fora de série. Ótima. As máquinas modernas invadindo o sossego da invernada. Triste, mas é o futuro. Fazer o que, né?"
Erich Dieter Binder (São Paulo, SP)



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