São Paulo, segunda-feira, 26 de junho de 2006

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VINICIUS TORRES FREIRE

Parreira e os engenheiros sociais

SÃO PAULO - A gente observa as convenções partidárias e dá aquela vontade de escrever sobre cavalheirismo, espírito esportivo e as machadadas de Portugal 1 x 0 Holanda.
Mas então, os partidos. Vem a primeira eleição com cláusula de barreira, norma que tira de partidos nanicos regalias parlamentares e dinheiro. Deputados dos nanicos tendem a migrar para o PMDB e para o partido que ganhar a eleição.
Há o risco de ser criado um oligopólio do aluguel político, o PMDB. Ou melhor, um partido por quilo ou "self service": o governo de turno paga o quanto come do trivial variado, não precisa ir a vários mercados para alugar deputados. Acreditar em fim de nanicos de aluguel por causa da cláusula de barreira é tão tolo como acreditar que o PFL seja um partido coeso (no início da gestão Lula, parte dos pefelês migrou, e a metade restante votava com o governo, a depender do prêmio oferecido). Ou tão tolo como crer que, sendo um "partido forte", o PT era boa coisa.
Tais fatos deveriam ser uma lição para certos politólogos e fãs de reformas políticas. Isto é, gente que acredita em fidelidade partidária, que partido no Brasil é um conceito semelhante a partido nos EUA ou na Europa, gente para quem "não há democracia sem partidos fortes" (quando os partidos se desmilinguem por toda parte) e outras inanidades ideológicas.
Quanta tolice especializada, quanta falta de bom senso. Como a de economistas que emperram o país por causa de décimos imponderáveis de inflação. Como a dos emergentes engenheiros sociais (economistas, cientistas sociais) que se maravilham com esmolas e repetem que não há mais alternativa a não ser dar educação e esperar, daqui a 30 anos, talvez, um país menos cruel.
Como é melhor discutir com Parreira do que com essa gente, este jornalista verá o resto da Copa em férias.


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