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VINICIUS TORRES FREIRE
Parreira e os engenheiros sociais
SÃO PAULO - A gente observa as
convenções partidárias e dá aquela
vontade de escrever sobre cavalheirismo, espírito esportivo e as machadadas de Portugal 1 x 0 Holanda.
Mas então, os partidos. Vem a
primeira eleição com cláusula de
barreira, norma que tira de partidos
nanicos regalias parlamentares e
dinheiro. Deputados dos nanicos
tendem a migrar para o PMDB e para o partido que ganhar a eleição.
Há o risco de ser criado um oligopólio do aluguel político, o PMDB.
Ou melhor, um partido por quilo ou
"self service": o governo de turno
paga o quanto come do trivial variado, não precisa ir a vários mercados
para alugar deputados. Acreditar
em fim de nanicos de aluguel por
causa da cláusula de barreira é tão
tolo como acreditar que o PFL seja
um partido coeso (no início da gestão Lula, parte dos pefelês migrou, e
a metade restante votava com o governo, a depender do prêmio oferecido). Ou tão tolo como crer que,
sendo um "partido forte", o PT era
boa coisa.
Tais fatos deveriam ser uma lição
para certos politólogos e fãs de reformas políticas. Isto é, gente que
acredita em fidelidade partidária,
que partido no Brasil é um conceito
semelhante a partido nos EUA ou
na Europa, gente para quem "não
há democracia sem partidos fortes"
(quando os partidos se desmilinguem por toda parte) e outras inanidades ideológicas.
Quanta tolice especializada,
quanta falta de bom senso. Como a
de economistas que emperram o
país por causa de décimos imponderáveis de inflação. Como a dos
emergentes engenheiros sociais
(economistas, cientistas sociais)
que se maravilham com esmolas e
repetem que não há mais alternativa a não ser dar educação e esperar,
daqui a 30 anos, talvez, um país menos cruel.
Como é melhor discutir com Parreira do que com essa gente, este
jornalista verá o resto da Copa em
férias.
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