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São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 2003

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CLÓVIS ROSSI

Um plano B para o comércio

SÃO PAULO - Suspeito que esteja na hora de o governo brasileiro começar a pensar em um plano B para a sua diplomacia comercial.
Para quem não lembra, o Brasil deslocou para a OMC (Organização Mundial do Comércio) as suas principais fichas nas negociações comerciais em andamento. Chegou ao ponto de propor desidratar a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), reduzindo-a a uma "Alca light".
Acontece que a reunião ministerial da OMC marcada para setembro em Cancún dá sinais de que não chegará a lugar algum. Se essa impressão já era forte ante o impasse nas negociações agrícolas (de resto, prioridade um do Brasil), tornou-se avassaladora com o esboço de texto final apresentado no fim de semana pelo uruguaio Carlos Pérez de Castillo, presidente do Conselho Geral e, como tal, responsável pela supervisão do conjunto da negociação.
No capítulo agrícola, o texto é quase uma reprodução fiel do documento conjunto apresentado por União Européia e Estados Unidos, que o chanceler Celso Amorim considerou altamente insuficiente.
Depois, o Brasil, ao lado de 15 países em desenvolvimento, apresentou sua própria proposta agrícola que, no entanto, mal aparece no esboço de Pérez de Castillo.
É claro que nada impede que, nas duas semanas até Cancún, tente-se uma fusão dos dois textos que seja palatável para o Brasil. Mas, quando já há a predisposição para partir de um dado texto, modificá-lo profundamente é muito difícil em qualquer circunstância.
Muito mais ainda em uma negociação em que todos os 146 países-membros têm, em tese, direitos iguais a dar palpites sobre cada vírgula.
O problema de a OMC andar de lado não é apenas o de emperrar a principal arena para o Brasil. É, também (ou principalmente), o de recolocar a necessidade de encarar a Alca com outros olhos. Um mano-a-mano com os EUA é sempre complicado.


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