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ELIANE CANTANHÊDE
O passado e o futuro
BRASÍLIA - O presidente Lula disse ontem, com todas as letras, que não
vai se matar, como Getúlio, nem renunciar, como Jânio, nem sofrer um
golpe, como Jango. Não quis falar
"sobre o mais recente": o impeachment de Collor.
Horas depois, no Congresso, José
Dirceu usou um gesto que remete a
Getúlio ao insistir numa conversa informal que vai ficar na chapa do
Campo Majoritário ao Diretório Nacional do PT e lutar até o fim para
salvar o mandato na Câmara.
Com o dedo indicador direito na
têmpora, simulando um tiro na cabeça, Dirceu foi radical: "Sair da chapa?
Só se eu me matar", disse. Em seguida, corrigiu: "Mas eu não sou disso.
Vou lutar e vou viver mais uns 20
anos, vocês vão ver".
Lula e Dirceu, portanto, finalmente
reconheceram, cada um a seu jeito e
no seu canto, o tamanho da crise e a
dramaticidade de sua própria condição dentro da crise. A reeleição parece impossível, Dirceu está na lona, o
PT se debate para não afundar.
Enquanto isso... a economia resiste.
E bem. Ontem foi um bom exemplo.
Na CPI dos Bingos, Rogério Buratti,
braço-direito de Palocci na Prefeitura de Ribeirão Preto, repetia tudo o
que já dissera a promotores em São
Paulo: havia um esquema, sim, de tirar R$ 50 mil por mês de uma empresa de lixo para dar ao PT.
E, no PFL, o economista Cláudio
Adilson fazia uma comparação importante. Em 13 de agosto, quando a
revista "Veja" denunciou a propina
dos Correios, o dólar estava em R$
2,47, e o índice Bovespa, em 23.887.
Em 3 de junho, na entrevista de Roberto Jefferson à Folha, em R$ 2,42 e
26.366, respectivamente. Em 24 de
agosto, depois das denúncias de Buratti, R$ 2,43 e 26.656.
Provocação de Bornhausen, presidente do PFL: "O país vai sair da crise
melhor do que entrou. O investidor
está feliz da vida, porque vai se livrar
de Lula e do PT em 2006".
Quem vai decidir os efeitos da crise
e o futuro de todos (inclusive de Bornhausen e do PFL) é você, o eleitor.
@ - elianec@uol.com.br
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