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CARLOS HEITOR CONY
Fatos novos
RIO DE JANEIRO - Minha curiosidade não é suficiente para saber
em todos os detalhes o que está rolando nas altas esferas da vida pública nacional, entupidas por dois
casos paralelos que estão emocionando ao mesmo tempo a mídia, a
política e a polícia.
Como aquelas caixinhas japonesas, uma dentro da outra, dando a
impressão de que nunca acabam, os
fatos se desdobram, uns dentro de
outros, numa fartura que aos poucos vai cansando até mesmo os que
se declaram cansados e criaram o
movimento do "Cansei".
Bem verdade que houve o Pan e o
acidente com o Airbus, que criou
uma provisória trégua no noticiário. Mas voltamos ao leito natural
dos escândalos envolvendo os mensaleiros e o presidente do Senado.
Procurar novidade num ou noutro
é difícil. Pior do que difícil, é inútil.
A semana que passou trouxe pelo
menos duas novidades.
A foto da ex-amante do senador,
que se declara em forma aos 39
anos e que parece ter obtido natural
consenso de todos os que examinaram o resultado; e a classificação de
"Cupido" dada a um membro do
Supremo Tribunal Federal, que me
parece o único a exibir a venerável
barba digna de um capuchinho.
Um Cupido barbudo é uma violência contra a tradição, mas os
membros do STF sabem o que fazem e por que fazem. A plebe ignara, que somos todos nós, ignora o
que o ministro fez ou deixou de fazer para merecer o nome e a função
do personagem mitológico, que os
pintores de todas as escolas retratam como um menino nu, como os
anjos da Renascença. Fica a sugestão aos editores das revistas masculinas: fotografar o ministro nu, mas
com sua respectiva barba, para melhor informação à sociedade. O cachê da foto seria destinado a uma
instituição beneficente.
Quanto à foto da ex-amante do
senador, a mesma sociedade aguarda informações mais detalhadas.
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