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TRANSIÇÃO EXEMPLAR
Está praticamente tudo preparado para que a transição do governo Fernando Henrique Cardoso
para o de seu sucessor seja a mais organizada, correta e eficaz possível.
Os mais céticos poderiam até dizer
que não há, nesse fato, mérito nenhum. Na democracia, é da obrigação do governo entregar a máquina
administrativa ao sucessor de forma
consequente.
Ocorre, primeiro, que no Brasil
tem sido raro que um presidente democraticamente eleito consiga
transmitir a faixa presidencial a outro mandatário também ungido pelas urnas. E, quando prevalece a normalidade institucional, não raro a
passagem é tumultuada pela má
vontade de uma das partes.
Por isso, cabe elogiar a maneira pela qual Fernando Henrique Cardoso
está organizando a troca de equipes
no comando do país. Vale lembrar
que as providências já dispostas pelo
presidente serão exatamente as mesmas tanto para o caso de vitória de
seu candidato, José Serra, como se o
vencedor for Luiz Inácio Lula da Silva, hipótese bem mais provável.
Não se trata apenas de civilidade no
ritual político. As providências já
adotadas e as que serão implementadas tão logo o resultado eleitoral se
defina indicam que se pretende dar o
máximo de eficácia ao período em
que coexistirão, na prática, duas
equipes de governo.
A elaboração de uma "agenda dos
cem dias", com os assuntos que devem ser tratados pelo próximo governo nos seus primeiros três meses
de gestão, é uma maneira de desfazer
a caixa-preta (recheada de surpresas
desagradáveis) recebida pelos vitoriosos em ocasiões anteriores.
Em paralelo, o Itamaraty também
elaborou um alentado dossiê sobre
as negociações comerciais em andamento, assunto de vital importância
e de alta complexidade.
São, todos, sinais de maturidade
institucional do país, para a qual a
contribuição de Fernando Henrique
Cardoso tem sido exemplar.
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