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OS LIMITES DO BC
A ata da reunião de dezembro
do Conselho de Política Monetária do Banco Central (Copom)
anuncia que a política de juros nos
próximos meses será conduzida de
forma "parcimoniosa". Depois de
ter cortado desde junho a taxa básica
em dez pontos percentuais, o BC
constata que a margem para novas
reduções ficou mais estreita, prevendo um ritmo ainda mais cauteloso a
partir de janeiro.
Obviamente, o processo de redução dos juros tende a aproximar as
taxas do ponto que seria desejável, ou
seja, aquele que em tese permite um
crescimento consistente e equilibrado da economia. Não há, no entanto,
maior certeza sobre qual é essa taxa
de equilíbrio. O que está claro é que
os atuais patamares ainda são elevados e que o declínio da Selic não provocou até aqui uma redução compatível das taxas e dos "spreads" nas
operações de crédito a empresas e
pessoas físicas. Considerando que
os índices de inflação estão baixos,
que o consumo e a renda se mostram
debilitados e que o reaquecimento da
economia é tímido, não há dúvida de
que novos cortes de juros podem e
devem ser realizados pelo BC.
O que explica a precaução do Copom, de acordo com a ata da última
reunião, são as "incertezas que cercam os mecanismos de transmissão
da política monetária". Isso significa
que o BC se preocupa com o descompasso, ao longo do tempo, entre
as reduções da taxa de juros e seus
efeitos sobre a recuperação da economia. Preocupa-se, da mesma forma, com os impactos que essa recuperação poderá vir a ter sobre os preços. Ou seja, a autoridade monetária
considera que a queda dos juros ainda não provocou todos os seus resultados, sendo necessário mais tempo
para que as consequências se completem. Quanto à inflação, o temor é
que, na hipótese de uma aceleração
mais rápida do consumo, sobrevenham os ajustes de preços.
A lógica do BC é compreensível, o
que não a torna menos conservadora. E o preço do conservadorismo
tem sido pago, lamentavelmente,
com a fragilidade da atividade econômica, com o alto desemprego e com
a retração da renda das famílias.
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