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São Paulo, sexta-feira, 26 de dezembro de 2003

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OS LIMITES DO BC

A ata da reunião de dezembro do Conselho de Política Monetária do Banco Central (Copom) anuncia que a política de juros nos próximos meses será conduzida de forma "parcimoniosa". Depois de ter cortado desde junho a taxa básica em dez pontos percentuais, o BC constata que a margem para novas reduções ficou mais estreita, prevendo um ritmo ainda mais cauteloso a partir de janeiro.
Obviamente, o processo de redução dos juros tende a aproximar as taxas do ponto que seria desejável, ou seja, aquele que em tese permite um crescimento consistente e equilibrado da economia. Não há, no entanto, maior certeza sobre qual é essa taxa de equilíbrio. O que está claro é que os atuais patamares ainda são elevados e que o declínio da Selic não provocou até aqui uma redução compatível das taxas e dos "spreads" nas operações de crédito a empresas e pessoas físicas. Considerando que os índices de inflação estão baixos, que o consumo e a renda se mostram debilitados e que o reaquecimento da economia é tímido, não há dúvida de que novos cortes de juros podem e devem ser realizados pelo BC.
O que explica a precaução do Copom, de acordo com a ata da última reunião, são as "incertezas que cercam os mecanismos de transmissão da política monetária". Isso significa que o BC se preocupa com o descompasso, ao longo do tempo, entre as reduções da taxa de juros e seus efeitos sobre a recuperação da economia. Preocupa-se, da mesma forma, com os impactos que essa recuperação poderá vir a ter sobre os preços. Ou seja, a autoridade monetária considera que a queda dos juros ainda não provocou todos os seus resultados, sendo necessário mais tempo para que as consequências se completem. Quanto à inflação, o temor é que, na hipótese de uma aceleração mais rápida do consumo, sobrevenham os ajustes de preços.
A lógica do BC é compreensível, o que não a torna menos conservadora. E o preço do conservadorismo tem sido pago, lamentavelmente, com a fragilidade da atividade econômica, com o alto desemprego e com a retração da renda das famílias.


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