São Paulo, terça-feira, 27 de janeiro de 2009

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Editoriais

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Opinião pública não entra

A SE JULGAR pelas propostas dos candidatos à presidência da Câmara dos Deputados, a Casa não vai alterar, nos próximos dois anos, sua péssima imagem pública em matéria de usos e costumes.
Submetidos pela Folha a questões sobre suas principais propostas, Michel Temer (PMDB), Ciro Nogueira (PP) e Osmar Serraglio (PMDB) defenderam a manutenção de privilégios e evitaram se comprometer com reformas que aumentariam a prestação de contas na Casa. O quarto candidato, Aldo Rebelo (PC do B-SP), não se manifestou.
Michel Temer -o favorito numa disputa que, contudo, ainda pode surpreender- foi o mais enfático na defesa da equiparação salarial com o teto do Poder Judiciário. Se depender dele, os deputados podem contar com um aumento de quase 50% nos seus salários, de R$ 16.512,09 para R$ 24,5 mil mensais.
Ciro Nogueira, candidato do chamado "baixo clero", defende que os deputados "enfrentem" a discussão sobre o estabelecimento de teto salarial para os três Poderes. Serraglio não deu opinião clara sobre o assunto.
Em tempo de crise, quando deputados e senadores deveriam dar um exemplo de austeridade ao setor público e à sociedade, é provável que a Câmara aja no sentido contrário, mais uma vez.
Já sobre a transparência nos gastos dos deputados, há unanimidade. Todos são contra a publicação de notas fiscais com a descrição das despesas com a verba indenizatória -R$ 15 mil por mês para reembolsar gastos com combustível, aluguel, manutenção de escritórios etc.
Os três candidatos que responderam ao questionário também são a favor do voto secreto em temas como a cassação de mandatos parlamentares. A mensagem é clara: na eleição da Câmara, a opinião pública não entra.


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