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Opinião pública não entra
A SE JULGAR pelas propostas
dos candidatos à presidência da Câmara dos Deputados, a Casa não vai alterar,
nos próximos dois anos, sua péssima imagem pública em matéria de usos e costumes.
Submetidos pela Folha a questões sobre suas principais propostas, Michel Temer (PMDB),
Ciro Nogueira (PP) e Osmar Serraglio (PMDB) defenderam a
manutenção de privilégios e evitaram se comprometer com reformas que aumentariam a prestação de contas na Casa. O quarto candidato, Aldo Rebelo (PC
do B-SP), não se manifestou.
Michel Temer -o favorito numa disputa que, contudo, ainda
pode surpreender- foi o mais
enfático na defesa da equiparação salarial com o teto do Poder
Judiciário. Se depender dele, os
deputados podem contar com
um aumento de quase 50% nos
seus salários, de R$ 16.512,09 para R$ 24,5 mil mensais.
Ciro Nogueira, candidato do
chamado "baixo clero", defende
que os deputados "enfrentem" a
discussão sobre o estabelecimento de teto salarial para os
três Poderes. Serraglio não deu
opinião clara sobre o assunto.
Em tempo de crise, quando deputados e senadores deveriam
dar um exemplo de austeridade
ao setor público e à sociedade, é
provável que a Câmara aja no
sentido contrário, mais uma vez.
Já sobre a transparência nos
gastos dos deputados, há unanimidade. Todos são contra a publicação de notas fiscais com a
descrição das despesas com a
verba indenizatória -R$ 15 mil
por mês para reembolsar gastos
com combustível, aluguel, manutenção de escritórios etc.
Os três candidatos que responderam ao questionário também
são a favor do voto secreto em
temas como a cassação de mandatos parlamentares. A mensagem é clara: na eleição da Câmara, a opinião pública não entra.
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