São Paulo, quarta-feira, 27 de fevereiro de 2002

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O assassinato de três fiscais da SPTrans que, no último sábado, transportavam uma perua apreendida para o pátio da empresa demonstra a situação alarmante em que está a questão do transporte público na cidade de São Paulo e que as forças de segurança do Estado têm de agir com mais vigor para impedir a escalada da violência. Existe a hipótese de que interesses de perueiros clandestinos estejam por trás do ato.
Anteontem os funcionários da SPTrans paralisaram as atividades de combate ao transporte clandestino em protesto contra a morte dos fiscais. Exigiram mais segurança para trabalhar e fizeram acordo com a Secretaria Municipal dos Transportes.
Desde ontem, só há blitze caso haja acompanhamento da Polícia Militar. Segundo a assessoria da prefeita Marta Suplicy (PT), há 50 PMs para acompanhar as blitze contra as lotações irregulares de São Paulo, estimadas em 3.000. Para o governador Geraldo Alckmin (PSDB), o número de PMs para essa função é de 62.
Ambos concordam que o número deve ser aumentado. A prefeita disse ter obtido do governador a promessa de que esse número subirá para 150. Alckmin negou que tenha definido a quantidade anunciada pela assessoria de Marta. Com o desencontro das autoridades, sofrem a segurança e o transporte público da cidade.
Outra reclamação dos funcionários da SPTrans tem de ser resolvida com a ajuda da Polícia Federal. A Secretaria dos Transportes de São Paulo já identificou seis bases de operação dos perueiros clandestinos, nas quais se comunicam por rádio para monitorar as ações da fiscalização. Para interceptar essas conversas de rádio, é preciso ação federal.
A população de São Paulo espera ver a morte dos fiscais elucidada, pois só ações judiciais contundentes podem minar o ímpeto dos assassinos. Se comprovada a participação de perueiros, a situação será ainda mais preocupante, pois demonstrará uma gravíssima evolução em direção ao gangsterismo urbano.



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