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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Serra mostra fôlego
SÃO PAULO - O resultado da pesquisa Datafolha publicada hoje joga
um balde água fria na euforia petista e obriga a um reexame das análises políticas mais recentes a respeito da sucessão presidencial. À luz
do que vinham mostrando sondagens anteriores, havia se generalizado a expectativa de que Dilma
Rousseff iria ultrapassar José Serra
num futuro relativamente próximo
-para alguns ainda este mês, ou, no
máximo, no decorrer de semanas.
Não parece ser mais o caso.
Houve, ao menos em parte, uma
interrupção da trajetória que vinha
sendo desenhada. A diferença entre
Serra e Dilma não é de 14 pontos,
como registrou o Datafolha de dezembro (37 a 23); não é mais de apenas 4 pontos, como era há um mês
(32 a 28); a diferença agora está em
9 pontos (36 a 27) -exatamente a
metade do caminho entre os 14 e os
4 das duas pesquisas anteriores.
Dilma ficou estacionada, mas não
perdeu o que havia conquistado no
final do mês passado, quando lançou sua candidatura e se beneficiou
de um período de hiperexposição
na mídia. Foi Serra quem voltou ao
patamar de dezembro, acima dos
35%, onde costumava aparecer. O
que explica a queda anterior e a recuperação do tucano? Talvez o desgaste provocado pelas chuvas, sobretudo em janeiro; talvez, em menor escala, o impacto inicial da rapinagem do aliado demista no Distrito Federal. São apenas conjecturas.
De certo há o seguinte: o tucano,
que vinha sendo muito questionado, dentro e fora do partido, ganha
um alento e dá uma demonstração
de força política justamente no momento em que se prepara para lançar oficialmente a sua candidatura,
no dia 10. Como exercício, basta
imaginar qual seria o clima da festa
tucana se Dilma estivesse à frente.
Fica, por ora, reforçada a sensação de que Serra, o candidato, é
maior do que sua candidatura,
acuada pela força do lulismo, pela
relativa fragilidade da oposição. E
que a candidata Dilma, pelo contrário, embora competitiva, ainda é
menor do que a parafernália que até
aqui insuflou seu nome.
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