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CARLOS HEITOR CONY
Proposta de paz
RIO DE JANEIRO - Ainda está meio confuso, mas parece que os Estados
Unidos, em sua aliança com Israel,
dobraram-se aos argumentos de
Ariel Sharon e aprovaram a caçada
aos líderes palestinos, quase todos englobados como terroristas. Nem Arafat escapará dessa limpeza de terreno, que não ficará mais limpo pelo
fato de fulano ou sicrano terem sido
eliminados.
Li, não sei onde, em Maquiavel ou
em Paulo Coelho, que não se deve
odiar o inimigo, mas combatê-lo e
vencê-lo. Uma guerra, seja qual for, é
o confronto de duas vontades antagônicas. Descamba para o banditismo quando se limita ao confronto de
duas personalidades. Sharon odeia
Arafat (tem motivos para isso), e
Arafat odeia Sharon, com iguais motivos.
Seria cômodo e saudável para o
Oriente Médio e para o mundo em
geral se colocássemos os dois frente a
frente, com um pau ou uma arma,
sem juiz nem cronômetro, e que os
dois resolvessem a questão entre si,
como dois gladiadores ou como dois
lutadores de sumô. Aqui para nós, seria divertido. Ao vencedor, seriam
dadas as batatas de praxe.
O mesmo se poderia fazer com Bush
e Saddam Hussein e, num plano menos dramático, com o casal Garotinho e o governo federal. Ganharíamos tempo e espaço para discutir outros problemas e encontrar soluções
que nos faltam. Ora, dirão, atrás de
cada um deles há uma causa, um
ponto de vista, uma pinimba geralmente histórica, que transcende aos
indivíduos. Causas que não acabarão porque fulano destruiu sicrano.
Se minha voz fosse ouvida no concerto dos povos, seria promovido um
evento monumental, no Maracanã
ou no Madison Square Garden, e teríamos as principais duplas em litígio
frente a frente, com entradas pagas e
renda revertida ao programa Fome
Zero.
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