São Paulo, quinta-feira, 27 de maio de 2004

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CRÉDITO ESCASSO E CARO

O volume de operações de crédito no país permanece estagnado em 26% do Produto Interno Bruto, de acordo com o Banco Central. Em abril, houve uma pequena redução nas taxas de juros praticadas pelas instituições financeiras, acompanhando o corte da Selic. A taxa média cobrada pelos bancos recuou de 45,3% ao ano em março para 44,7% em abril. A queda foi desencadeada pela diminuição dos juros médios cobrados nas operações com pessoas físicas, com a retração das taxas dos cheques especiais e a expansão dos empréstimos com desconto em folha salarial. De todo modo, as taxas de juros médias permaneceram em patamares extremamente elevados: 63,3% para pessoas físicas e 29,9% para jurídicas.
Isso significa que, descontada a inflação prevista para os próximos 12 meses, de 5,7%, um tomador de crédito no mercado doméstico está pagando, em média, uma taxa de juros real de 22,7% ao ano, se pessoa jurídica, e 54,3% ao ano, se pessoa física -valores dos mais elevados do mundo. O lento movimento de queda dos juros provavelmente será interrompido neste mês, devido à desvalorização do real, à elevação das taxas nos mercados futuros e à decisão do Copom de interromper os cortes graduais da Selic.
Também em abril, o "spread"- a diferença entre as taxas de captação e dos empréstimos- teve queda de 0,5 ponto percentual, passando de 29,5% de março para 29%. Vários elementos favorecem esse elevado patamar de "spread" bancário brasileiro, como os impostos e os depósitos compulsórios. Um outro fator parece ser a alta concentração do sistema financeiro, que limita a concorrência. A participação dos dez maiores bancos no total de ativos aumentou de 60,2% em 1994 para 78,4% em 2003. Nesse período, a despeito dos ganhos de eficiência, obtidos com investimentos em tecnologia e programas de redução de despesas, a contribuição dos bancos para o desenvolvimento brasileiro permaneceu restrita, sobretudo na geração de financiamento de longo prazo.


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