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CRÉDITO ESCASSO E CARO
O volume de operações de crédito no país permanece estagnado em 26% do Produto Interno
Bruto, de acordo com o Banco Central. Em abril, houve uma pequena
redução nas taxas de juros praticadas
pelas instituições financeiras, acompanhando o corte da Selic. A taxa
média cobrada pelos bancos recuou
de 45,3% ao ano em março para
44,7% em abril. A queda foi desencadeada pela diminuição dos juros médios cobrados nas operações com
pessoas físicas, com a retração das
taxas dos cheques especiais e a expansão dos empréstimos com desconto em folha salarial. De todo modo, as taxas de juros médias permaneceram em patamares extremamente elevados: 63,3% para pessoas
físicas e 29,9% para jurídicas.
Isso significa que, descontada a inflação prevista para os próximos 12
meses, de 5,7%, um tomador de crédito no mercado doméstico está pagando, em média, uma taxa de juros
real de 22,7% ao ano, se pessoa jurídica, e 54,3% ao ano, se pessoa física
-valores dos mais elevados do
mundo. O lento movimento de queda dos juros provavelmente será interrompido neste mês, devido à desvalorização do real, à elevação das taxas nos mercados futuros e à decisão
do Copom de interromper os cortes
graduais da Selic.
Também em abril, o "spread"- a
diferença entre as taxas de captação e
dos empréstimos- teve queda de
0,5 ponto percentual, passando de
29,5% de março para 29%. Vários
elementos favorecem esse elevado
patamar de "spread" bancário brasileiro, como os impostos e os depósitos compulsórios. Um outro fator
parece ser a alta concentração do sistema financeiro, que limita a concorrência. A participação dos dez maiores bancos no total de ativos aumentou de 60,2% em 1994 para 78,4% em
2003. Nesse período, a despeito dos
ganhos de eficiência, obtidos com
investimentos em tecnologia e programas de redução de despesas, a
contribuição dos bancos para o desenvolvimento brasileiro permaneceu restrita, sobretudo na geração de
financiamento de longo prazo.
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