|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
A debilidade das Farc
A MORTE do líder das Forças
Armadas Revolucionárias
da Colômbia (Farc), Manuel Marulanda, cognominado
Tirofijo, abre a perspectiva de
uma solução para o conflito que,
há mais de 40 anos, opõe a narcoguerrilha ao Estado colombiano.
As Farc nunca estiveram tão
debilitadas. Surtiu efeitos a intensa ofensiva militar sustentada pelo governo do presidente
Álvaro Uribe sobre o grupo rebelde desde 2002. Estima-se que
o contingente de guerrilheiros,
que chegou a 16.000 em 2001, tenha sido reduzido para no máximo 8.000. Só no ano passado, a
milícia sofreu 2.400 defecções.
À exaustão militar sobrepõe-se
uma crise de lideranças. As Farc
perderam recentemente, além
de Marulanda, dois de seus dirigentes: Raúl Reyes, morto numa
incursão do Exército colombiano em território equatoriano, e
Iván Ríos, assassinado por seus
próprios homens.
A sucessão de Marulanda também inspira cauteloso otimismo.
Foi designado para substituí-lo
Alfonso Cano, da ala política do
grupo, que se opõe à facção militarista, em princípio refratária a
negociações com o governo.
Resta esperar que Uribe aproveite essa rara oportunidade. Até
aqui seu governo fez o que tinha
de fazer. Após o colapso das negociações de paz sob a gestão Andrés Pastrana (1998-2002), que
fracassaram por culpa da guerrilha, o então recém-eleito Uribe
colocou corretamente a ênfase
na repressão.
A vitória militar foi impressionante. Em 2002, o grupo -que
há muito tempo abandonou o
golpismo marxista para tornar-se um cartel ligado ao narcotráfico e à indústria dos seqüestros-
controlava 40% do território colombiano. Hoje seus membros
refugiam-se nos grotões do país e
em território estrangeiro.
A opção pelo confronto, adotada por Uribe, é aprovada pela esmagadora maioria dos colombianos, que o reelegeu para o cargo e
sustenta sua popularidade em
patamares elevados.
Se souber tirar proveito dessa
conjuntura, o presidente da Colômbia poderá arrancar dos
guerrilheiros uma rendição próxima de incondicional. Com isso,
Uribe pouparia os colombianos
de mais alguns anos de combates
e passaria à história como o homem que pôs fim a mais de 40
anos de guerra civil.
Texto Anterior: Editoriais: Risco-commodity Próximo Texto: Madri - Clóvis Rossi: As curvas e o futuro Índice
|