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CARLOS HEITOR CONY
As barcas de Niterói
RIO DE JANEIRO - Assunto recorrente na mídia internacional, a
Amazônia continua na agenda dos
países mais desenvolvidos desde os
tempos de Hitler. Em seu livro
("Mein Kampf"), há referências explícitas à posse da maior floresta do
planeta como reserva de matérias-primas e equilíbrio ecológico.
O ponto comum da cobiça mundial é a certeza de que o Brasil e os
demais países que formam a região
amazônica não possuem técnica,
infra-estrutura e capacidade para
preservar o grande potencial econômico representado, entre outros
valores, pela maior bacia hidrográfica da Terra.
Tornou-se clara a ambigüidade
relativa ao problema, que não saiu
formalmente da agenda do atual governo, mas sofreu uma meia-trava
com a demissão da ex-ministra do
Meio Ambiente. Nada contra o novo ministro, pelo contrário, tudo a
favor. A questão está um furo acima, no campo conceitual, mas sem
o consenso político e operacional
que garanta a soberania nacional
naquela vasta porção do nosso território. Um abismo entre a intenção
e a ação.
Lembro um episódio do passado
recente: o Rio se candidatava para
sediar uma olimpíada, e aqui chegou um escalão do Comitê Olímpico para avaliar a nossa capacidade
de assumir a responsabilidade. Tudo estava dando certo até que um
grupo de técnicos examinou a situação da baía de Guanabara -tal
como hoje, altamente poluída.
O parecer da comissão foi taxativo: se o Rio não tinha condições de
preservar uma baía como a nossa,
não merecia sediar um evento da
importância de uma olimpíada. Foi
uma lambada no orgulho carioca.
Felizmente, a cobiça mundial
ainda não chegou ao ponto de pretender internacionalizar a Guanabara. Ainda bem. Mas a Amazônia
tem recursos econômicos bem mais
tentadores que as barcas de Niterói.
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