São Paulo, sexta-feira, 27 de junho de 2003 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TENDÊNCIAS/DEBATES A comunidade judaica e o Fome Zero
JACK TERPINS
Essa idéia de adotar uma cidade surgiu ainda no começo do ano, logo em seguida ao êxito do Congresso Internacional Combatendo a Pobreza - Novas Formas de Solidariedade, organizado pela Conib e pelo Congresso Judaico Latino-Americano, e do qual participaram alguns dos principais membros do governo eleito, como José Graziano e Frei Betto, e altos funcionários de bancos de desenvolvimento e fomento internacionais. É verdade que até se poderia embarcar na esteira do entusiasmo provocado pelos discursos e intenções do presidente, mas não é menos verdade que se preferiu a cautela ao açodamento e o interesse pelos detalhes a uma superioridade vazia de conteúdo. Queríamos saber e conhecer para não ficar ignorantes da verdade. Nessa linha, supomos que, ao falar em fome, o presidente deve se referir a famintos desnutridos, em situação de pobreza crítica e mais acentuada entre crianças de até 5 anos e suas mães. Por isso um técnico foi enviado à cidade para detalhar carências e avaliar necessidades. Concluído o estudo, as lideranças comunitárias se conscientizaram da importância política dessa empreitada e decidiram escrever e participar da história deste país, levando em conta um princípio judaico: cada ser humano é responsável pelo próximo. Uma das ações, portanto, será um programa de avaliação nutricional em crianças de até 5 anos de idade e a recuperação nutricional delas. O hospital Albert Einstein, a Associação Brasileira a Hebraica, a Federação Israelita de São Paulo e entidades assistenciais colaboraram com sua experiência e conhecimento no sentido de assumir compromissos, porque o compromisso é sinônimo de vida. Talvez fosse mais cômodo e confortável juntar alguns milhares de reais, solicitar uma boa quantidade de produtos de grandes empresários judeus em seus vários ramos de atividade, marcar uma solenidade, convidar o presidente e ministros, fazer a doação, lavar as mãos e bradar a missão cumprida. Para nós, muito mais do que simplesmente prover o efêmero e o circunstancial, é fundamental criar condições para um desenvolvimento econômico e social sustentável. É sugerir o que fazer, indicar como fazer e deixar que façam. É colocar ao alcance do homem o que o homem cria para o seu próprio bem e fazê-lo se encharcar de fé e esperança. Jack Leon Terpins, 54, engenheiro, é presidente da Conib (Confederação Israelita do Brasil) e do Congresso Judaico Latino-Americano. Texto Anterior: Frases Próximo Texto: José Roberto R. Afonso: Recarga, não. Reforma, sim Índice |
|