|
Próximo Texto | Índice
Editoriais
editoriais@uol.com.br
No vermelho
Governo federal registra déficit em maio e precisa, agora urgentemente, colocar um freio nos gastos com a máquina
A FIM de atenuar as repercussões da crise internacional sobre a
economia brasileira, o
governo federal reduziu a meta
de superávit primário (recursos
poupados para abater a dívida
pública) no início do ano. A meta
de todo o setor público passou de
3,8% do PIB para 2,5%.
Como política antirrecessiva
era decisão acertada. A queda do
superávit primário ajudaria a
compensar o efeito restritivo da
crise nos gastos do setor privado.
Infelizmente o governo avança
o sinal: suas contas fecharam no
vermelho no mês passado. A
queda de quase 7% na receita de
tributos em relação aos primeiros cinco meses de 2008 está acima das estimativas. A redução da
receita decorre da retração acentuada na atividade econômica e
das desonerações tributárias. O
abatimento de IPI para estimular a demanda por automóveis,
eletrodomésticos e construção
civil -medida agora prorrogada
por três meses- somou R$ 10,9
bilhões de janeiro a maio.
Por outro lado, a despesa não
para de crescer em rubricas menos eficientes, do ponto de vista
da preparação para o futuro.
As despesas se expandiram
18,6% entre janeiro e maio. O aumento dos gastos públicos, principalmente com o funcionalismo, preocupa. Os pagamentos de
servidores cresceram 22,6% nos
cinco primeiros meses deste ano.
A folha de pagamento da União
atingiu 5,14% do PIB.
As despesas para manter a máquina pública em funcionamento também apresentaram crescimento expressivo: 21,9%.
De positivo, há que destacar a
expansão de 24,8% dos investimentos em infraestrutura. Mas
seu volume é ainda muito baixo,
apenas, R$ 9,2 bilhões. Os desembolsos com o PPI (Projeto
Piloto de Investimento) -programas considerados prioritários- atingem só R$ 2,9 bilhões.
A despeito desses resultados e
da prorrogação das isenções para
automóveis, eletrodomésticos e
material de construção, a equipe
econômica planeja duas ações
para estimular o setor de máquinas e equipamentos. Quer baixar
o IPI, embora grande parte dos
bens de capital já seja isenta do
tributo. Pretende também subsidiar os juros de empréstimos do
BNDES para esse setor. Há dúvidas ainda sobre a eficácia desta
medida, em face da retração dos
investimentos privados (14% no
primeiro trimestre de 2009).
Diante da restrição fiscal crescente, os reajustes a servidores
públicos prometidos a partir de
julho, por exemplo, deveriam ser
postergados, a fim de evitar novos cortes nos investimentos
programados ou uma deterioração ainda maior do déficit público. Melhorar a qualidade do gasto estatal nunca foi tão importante, como agora, para reativar
a economia sem prejudicar o
equilíbrio macroeconômico.
Próximo Texto: Editoriais: Michael Jackson
Índice
|