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Obstáculos para inovar
Mais da metade dos 536 executivos de 12 países e 18 setores ouvidos por uma pesquisa da consultoria Economist Intelligence Unit
(EIU) diz que suas empresas não
contam nem irão contar, no curto
prazo, com unidades de pesquisa
e desenvolvimento no Brasil.
No mesmo levantamento, encomendado pelo banco HSBC, 67%
das multinacionais situam numa
faixa entre 0% e 10% a quantidade de produtos por elas comercializados que foram desenvolvidos
no país nos últimos três anos.
Um dos problemas do atual padrão de desenvolvimento econômico brasileiro reside justamente
na dificuldade de implantar políticas industriais com vistas à formação de cadeias produtivas com alto conteúdo tecnológico. O exemplo bem-sucedido desse tipo de
ação vem -mais uma vez- de
economias da Ásia.
Países daquela região apoiaram
o desenvolvimento de tecnologia
própria, com o sistemático incentivo à inovação e à formação de
grupos empresariais domésticos.
No Brasil, o governo parece privilegiar o segundo aspecto, mobilizando recursos do Tesouro, do
BNDES e do Banco do Brasil para
favorecer, em parceria com fundos de pensão, alguns conglomerados -sem que se compreendam
os critérios adotados.
Políticas de incentivo são defensáveis desde que atendam a
certos requisitos. São conhecidos
os casos de desperdício de recursos públicos no Brasil com concessões de benefícios fiscais e outras
bondades estatais.
Não se trata, como parece ocorrer agora, de eleger grupos "amigos" e defendê-los em nome de supostos interesses nacionais. Tampouco faz sentido privilegiar empresas que atuam em setores tradicionais da economia, pois seria
investir recursos públicos para perenizar uma estrutura produtiva
que deveria, na realidade, evoluir.
É preciso discernimento e transparência em relação aos setores
que merecem ser apoiados, bem
como o estabelecimento de metas
para itens como desempenho e investimento em pesquisa.
O principal desafio para os próximos anos no entanto reside na
capacidade de o Brasil dar um salto na área educacional. Não por
acaso, 46% dos entrevistados
mencionam a deficiente formação
da mão de obra como obstáculo
para a capacidade de inovar.
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