São Paulo, terça-feira, 27 de julho de 2010

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Editoriais

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Obstáculos para inovar

Mais da metade dos 536 executivos de 12 países e 18 setores ouvidos por uma pesquisa da consultoria Economist Intelligence Unit (EIU) diz que suas empresas não contam nem irão contar, no curto prazo, com unidades de pesquisa e desenvolvimento no Brasil.
No mesmo levantamento, encomendado pelo banco HSBC, 67% das multinacionais situam numa faixa entre 0% e 10% a quantidade de produtos por elas comercializados que foram desenvolvidos no país nos últimos três anos.
Um dos problemas do atual padrão de desenvolvimento econômico brasileiro reside justamente na dificuldade de implantar políticas industriais com vistas à formação de cadeias produtivas com alto conteúdo tecnológico. O exemplo bem-sucedido desse tipo de ação vem -mais uma vez- de economias da Ásia.
Países daquela região apoiaram o desenvolvimento de tecnologia própria, com o sistemático incentivo à inovação e à formação de grupos empresariais domésticos. No Brasil, o governo parece privilegiar o segundo aspecto, mobilizando recursos do Tesouro, do BNDES e do Banco do Brasil para favorecer, em parceria com fundos de pensão, alguns conglomerados -sem que se compreendam os critérios adotados.
Políticas de incentivo são defensáveis desde que atendam a certos requisitos. São conhecidos os casos de desperdício de recursos públicos no Brasil com concessões de benefícios fiscais e outras bondades estatais.
Não se trata, como parece ocorrer agora, de eleger grupos "amigos" e defendê-los em nome de supostos interesses nacionais. Tampouco faz sentido privilegiar empresas que atuam em setores tradicionais da economia, pois seria investir recursos públicos para perenizar uma estrutura produtiva que deveria, na realidade, evoluir.
É preciso discernimento e transparência em relação aos setores que merecem ser apoiados, bem como o estabelecimento de metas para itens como desempenho e investimento em pesquisa.
O principal desafio para os próximos anos no entanto reside na capacidade de o Brasil dar um salto na área educacional. Não por acaso, 46% dos entrevistados mencionam a deficiente formação da mão de obra como obstáculo para a capacidade de inovar.


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