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ELIANE CANTANHÊDE
Clima de "já ganhou"
BRASÍLIA - A eleição acabou antes do tempo. Aliás, bem antes do
tempo, porque ainda falta um mês
até a urna, o voto, o resultado.
No Planalto, os lulistas estão convencidos da vitória em primeiro
turno. Lula já faz discurso de eleito,
anuncia o plano de governo para o
segundo mandato e convoca a oposição para um pacto nacional.
Comete, inclusive, alguns erros
graves. O maior deles é simplesmente ignorar a crise ética que
marca o seu governo e deixa cicatrizes profundas no seu partido, que
só tem chances de eleger três governadores em Estados periféricos e
pode ver sua bancada na Câmara
despencar de 91 deputados em
2003 para 50 em 2007.
Outros erros:
1 - Lula discursa como candidato
dentro do Palácio do Planalto, mas,
pela lei, ato de campanha tem de ser
fora dos prédios públicos e do horário de trabalho;
2 - Lula promete planos e metas
que não cumpriu neste primeiro
mandato, como crescimento econômico não vexatório, menos gastos públicos e redução de impostos.
E não fala em meta de empregos;
3 - Lula prega com a maior cara-de-pau um pacto com os adversários quando ele e o PT se recusaram
sistematicamente a participar de
pactos com todos os presidentes
desde a redemocratização, até mesmo com José Sarney -que era a saída da ditadura e que agora apóia o
governo e a reeleição- e com Itamar Franco -que era a transição
possível depois da crise do impeachment de Collor. O PT ficou
fora.
Mas, do outro lado, dos tucanos, a
eleição também parece acabar antes do tempo. O presidente do
PSDB voa para um lado, o do PFL
voa para outro, os candidatos nos
Estados salvam a própria pele, e Geraldo Alckmin está numa solidão de
dar dó.
Lula acha que já ganhou a eleição
antes da hora. E seus adversários
são os primeiros a concordar.
@ - elianec@uol.com.br
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