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Terapias monetárias
Enquanto cresce o temor de recessão nos EUA, países ricos se colocam diante de um dilema para administrar a crise
AUMENTAM as preocupações sobre o futuro da
economia americana.
As estimativas de prejuízos do sistema financeiro com
as hipotecas de alto risco variam
de US$ 200 bilhões a US$ 500 bilhões. As taxas de juros para empresas com maior classificação
de risco aumentam, sinalizando
contração no crédito e desaceleração (provavelmente recessiva)
da maior economia do planeta.
No mercado mundial de moedas, que gira US$
3,2 trilhões por
dia, o dólar está
numa das pontas
em 86,3% das operações. O aumento das vendas da moeda resulta em pronunciada desvalorização. Esse fato, no entanto, não configura o desabamento do dólar como pilar que sustenta a arquitetura financeira global.
As taxas de juros dos títulos do
Tesouro americano estão cadentes. Se houvesse fuga do dólar,
subiriam. Quando a procura por
um título de dívida diminui, seu
preço cai (como acontece com
toda mercadoria), o que eleva a
taxa de juros embutida. Um papel comprado a US$ 100, com
rendimento nominal de 4% ao
ano, renderá 6% se for recomprado a US$ 98 no mercado.
O que ocorre com a dívida pública americana é o contrário.
Como a procura aumenta, seu
preço também sobe, e os juros
caem. Há, pois, cada vez mais investidores se refugiando no título mais seguro do mercado financeiro global. Decerto a ação
de bancos centrais como o japonês, o chinês e até o brasileiro colabora para esse processo. Um
colapso do dólar não interessa a
essas nações, que passam por um
ciclo forte de crescimento assentado no "statu quo" monetário.
Para que os EUA voltem a crescer, a desvalorização pode tornar-se imprescindível. Ao facilitar as exportações americanas e inibir
as importações, o dólar barato tende
a ajudar na diminuição
do seu déficit comercial
com o resto do mundo.
Mas, para tanto, a administração de
um dilema de curto prazo
pelos principais bancos centrais fará toda a
diferença. De um lado está o risco de recessão, que recomenda
redução das taxas de juros de
curto prazo. Do outro está um fenômeno que sugere a terapia
oposta: a inundação de capitais
em busca de aplicações rentáveis
infla o preço de produtos, moedas e títulos de emergentes.
Optar por um remédio é, necessariamente, aumentar o risco
de infecção pelo outro mal.
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