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FERNANDO GABEIRA
Clima e fim de ano
RIO DE JANEIRO - Parto esta semana para um debate norte-sul, na
Europa. Há quem veja contradição
entre norte e sul. São os mesmos
que veem a contradição como o motor da história. Vejo apenas diferenças. Creio mesmo que, pela primeira vez, dadas a natureza e a gravidade do problema, a humanidade pode viver a história como uma aventura comum.
Diante dos países e suas metas,
não me sinto como numa mesa de
jogo, onde cada um abre suas cartas.
Por trás da magia dos números há
processos concretos, mudanças no
modo de produzir e de consumir.
Tudo demanda cooperação.
No Protocolo de Kyoto, havia
tentativas, uma delas o Mecanismo
de Desenvolvimento Limpo. Há outras sobre a mesa, como a Redução
de Emissões por Desmatamento e
Degradação. Sem contar a transferência de tecnologias, uma certa
flexibilidade nas patentes.
Quando se trata de comércio, os
ricos dependem também dos pobres. No caso do aquecimento, todos dependem de todos, mas de
uma forma que pode levar à crueldade. A China é rica para comprar
usinas solares dos Estados Unidos e
todas as novas técnicas disponíveis.
A Somália e o Haiti não. Esses, por
sua vez, não causam impacto negativo ao ambiente.
Por que ajudá-los? Certamente
não para conter emissões. O caso
dos países de baixo impacto ambiental porque produzem pouco é
apenas um deles. Mais urgente é o
dos países pequenos que podem desaparecer. Na verdade, tudo parece
urgente. E, felizmente, nem tudo
depende dos líderes mundiais. Há
um mundo de iniciativas em curso.
Quando voltar da Europa, nova
vida. Vou me concentrar no estudo
do oceano, embora o verão sempre
coloque as enchentes na agenda. E
vou deixar de escrever na Folha.
Agradeço a todos os que me seguiram até aqui. Prossigo na internet.
Adiós.
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