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NOVAS DÍVIDAS
A política monetária e fiscal
contracionista implementada
pelo governo contou com o auxílio
da abundância de recursos no mercado internacional, alimentada pelas
baixas taxas de juros nas economias
desenvolvidas e pelas intervenções
nos mercados cambiais asiáticos,
para promover uma forte queda do
risco-país -que passou de 1.439
pontos para 480 pontos ao longo do
ano. Diante disso, empresas e bancos brasileiros voltaram com vigor
ao mercado financeiro internacional.
Entre janeiro e meados de dezembro, as captações atingiram US$ 20,7
bilhões, mediante bônus e empréstimos. Dados preliminares indicam
que US$ 17,9 bilhões foram captados
pelo setor privado. É quase o dobro
do volume verificado em 2002 (US$
10,6 bilhões), quando o mercado internacional praticamente fechou as
portas para os agentes brasileiros.
Acompanhando o aumento do volume, houve melhora significativa no
perfil das emissões, com maiores
prazos e menores taxas, sobretudo
para empresas que podem oferecer
parte do fluxo de comércio exterior
como garantia. No primeiro trimestre, os bônus tinham prazo médio de
1,2 ano; no quarto, de 7,7 anos.
O acesso ao mercado internacional
é promissor, uma vez que permite refinanciar a dívida passada em melhores condições. Todavia recoloca a
ameaça de um novo ciclo de endividamento externo da economia brasileira. De acordo com o BC, a dívida
externa do setor privado caiu de US$
101,6 bilhões em dezembro de 1999
para US$ 76,5 bilhões em agosto de
2003 (último dado disponível). Ao
contrário, a dívida do setor público
subiu de US$ 97,4 bilhões para US$
117,8 bilhões, no mesmo período,
com os aportes do FMI.
O fato de os agentes domésticos
trabalharem com reais, mas mantendo dívidas em dólares, pode ocasionar perturbações patrimoniais relevantes em um momento de reversão
do ciclo de liquidez internacional. O
desequilíbrio patrimonial das distribuidoras de energia elétrica, com impactos nas tarifas e no balanço do
BNDES, é um exemplo bastante eloquente desse risco. Nesse contexto,
manter o saldo comercial, que se
aproxima dos US$ 26 bilhões, bem
como procurar estimular fontes internas de financiamento, é uma atitude prudente e recomendável.
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