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EMÍLIO ODEBRECHT
Dependência e cidadania
OS PROGRAMAS de inclusão
social e de proteção a quem
se encontra na linha da pobreza vêm ocupando espaço significativo nos planos dos governos
federal, estaduais e municipais de
15 anos para cá.
Já não era sem tempo. Marcado
por uma organização social vergonhosamente injusta, o Brasil viu
crescer por séculos a distância entre os que tinham muito e os que
não tinham nada. A omissão histórica começou a ser corrigida quando se percebeu que o amparo aos
desassistidos impunha-se como
um dever moral da nação e um imperativo para sua inserção no grupo dos países desenvolvidos.
Essas ações vêm se incrementando, mas é preciso que os resultados se potencializem com a adesão do empresariado, pelo compromisso que devemos ter com o país,
não com governos, compromisso
que se estende às gerações futuras.
Os empresários devem se mobilizar e contribuir para qualificar os
programas públicos em andamento, pois não podemos mais fugir do
espírito da época, a sustentabilidade, que pressupõe equilíbrio no desenvolvimento econômico, social,
ambiental, político e cultural.
A matriz dos negócios no Brasil
deve incluir metas claras e desafiadoras de geração de trabalho e renda para os que estão à margem da
sociedade, valorizando vocações
econômicas regionais e estancando o êxodo de homens e mulheres
que trocam seus lugares de origem
pela periferia das grandes cidades
em busca de oportunidades que
lhes proporcionem mais confiança
quanto ao próprio futuro.
Um exemplo dessa possibilidade
é o contrato de parceria assinado
entre a Odebrecht e o Ministério
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, cujo objetivo é qualificar prioritariamente beneficiários do programa Bolsa Família para que possam trabalhar em obras
de engenharia e construção.
Essa iniciativa, denominada
Acreditar, nasceu da constatação
da baixa disponibilidade de mão de
obra local para atender à demanda
da construção da hidrelétrica Santo Antônio, no rio Madeira, em
Rondônia.
Em vez da importação de pedreiros, armadores, soldadores, carpinteiros, operadores de máquinas
etc. para Porto Velho, optou-se pela capacitação de moradores da cidade e da região. Hoje, eles representam 98% de um efetivo de 7.500
trabalhadores.
Os que recebiam a ajuda do Bolsa
Família, quando foram contratados, devolveram seus cartões.
Para aqueles homens e mulheres, abriram-se duas portas: a de
saída da dependência e a de entrada na cidadania.
Mais um ano está terminando.
Desejo que 2010 seja pleno de realizações para os leitores da Folha.
EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta
coluna.
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