São Paulo, domingo, 27 de dezembro de 2009

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EMÍLIO ODEBRECHT

Dependência e cidadania

OS PROGRAMAS de inclusão social e de proteção a quem se encontra na linha da pobreza vêm ocupando espaço significativo nos planos dos governos federal, estaduais e municipais de 15 anos para cá.
Já não era sem tempo. Marcado por uma organização social vergonhosamente injusta, o Brasil viu crescer por séculos a distância entre os que tinham muito e os que não tinham nada. A omissão histórica começou a ser corrigida quando se percebeu que o amparo aos desassistidos impunha-se como um dever moral da nação e um imperativo para sua inserção no grupo dos países desenvolvidos.
Essas ações vêm se incrementando, mas é preciso que os resultados se potencializem com a adesão do empresariado, pelo compromisso que devemos ter com o país, não com governos, compromisso que se estende às gerações futuras.
Os empresários devem se mobilizar e contribuir para qualificar os programas públicos em andamento, pois não podemos mais fugir do espírito da época, a sustentabilidade, que pressupõe equilíbrio no desenvolvimento econômico, social, ambiental, político e cultural.
A matriz dos negócios no Brasil deve incluir metas claras e desafiadoras de geração de trabalho e renda para os que estão à margem da sociedade, valorizando vocações econômicas regionais e estancando o êxodo de homens e mulheres que trocam seus lugares de origem pela periferia das grandes cidades em busca de oportunidades que lhes proporcionem mais confiança quanto ao próprio futuro.
Um exemplo dessa possibilidade é o contrato de parceria assinado entre a Odebrecht e o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, cujo objetivo é qualificar prioritariamente beneficiários do programa Bolsa Família para que possam trabalhar em obras de engenharia e construção.
Essa iniciativa, denominada Acreditar, nasceu da constatação da baixa disponibilidade de mão de obra local para atender à demanda da construção da hidrelétrica Santo Antônio, no rio Madeira, em Rondônia.
Em vez da importação de pedreiros, armadores, soldadores, carpinteiros, operadores de máquinas etc. para Porto Velho, optou-se pela capacitação de moradores da cidade e da região. Hoje, eles representam 98% de um efetivo de 7.500 trabalhadores.
Os que recebiam a ajuda do Bolsa Família, quando foram contratados, devolveram seus cartões. Para aqueles homens e mulheres, abriram-se duas portas: a de saída da dependência e a de entrada na cidadania.

 

Mais um ano está terminando.
Desejo que 2010 seja pleno de realizações para os leitores da Folha.

EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta coluna.


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