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CLÓVIS ROSSI
Histórias do Santander
MADRI- O grupo espanhol Santander está feliz da vida com os resultados de
suas operações no Brasil e na América Latina, conforme o relato sempre
competente de Cláudia Trevisan, na
Folha de ontem.
Essa felicidade inocultável conta
duas histórias que contrariam a sabedoria convencional.
Primeira história: muita gente boa
emitiu risinhos de escárnio quando o
Santander comprou o Banespa por
um preço que foi considerado alto
demais. O pressuposto embutido nos
risinhos era o de que os espanhóis
não sabiam fazer negócios e haviam
levado um mero bonde pelo preço de
um jato.
Agora, os espanhóis riem por último: um lucro de R$ 1,75 bilhão no
ano passado, o que corresponde a
20% do resultado recorde obtido em
todo o mundo pelo grupo. Não parece mau negócio, não é?
Segunda história: o governo argentino não afugentou de vez os investidores ao fazer a chamada "pesificação" a uma cotação peso/dólar favorável aos devedores e, por extensão,
negativa para os credores, entre eles
bancos como o Santander.
Afinal, nos últimos quatro anos,
com a Argentina e a América Latina
imersas em crise, o Santander repatriou para a pátria-mãe, a Espanha,
o equivalente a R$ 8,5 bilhões, o que
é muito dinheiro em qualquer operação, em qualquer lugar.
Mais. Emilio Botín, o patriarca do
grupo, diz: "A América Latina está
em fase de relançamento. O pior já
passou e o bom está por vir". Prevê
crescimento de entre 4% e 5% para
este ano e "juros estáveis".
Quanto à Argentina especificamente, seu presidente, Néstor Kirchner, chegou ontem a Madri para um
novo encontro com a armada espanhola que investiu na América Latina (Santander, BBVA, Telefónica,
Repsol etc). No ano passado, quase
saíram no tapa. Agora, vai dizer
muito sobre o governo Kirchner e,
por tabela, sobre o governo Lula,
quem dará o braço a torcer ou quanto cada um cederá.
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