São Paulo, quarta-feira, 28 de janeiro de 2004

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CLÓVIS ROSSI

Histórias do Santander

MADRI- O grupo espanhol Santander está feliz da vida com os resultados de suas operações no Brasil e na América Latina, conforme o relato sempre competente de Cláudia Trevisan, na Folha de ontem.
Essa felicidade inocultável conta duas histórias que contrariam a sabedoria convencional.
Primeira história: muita gente boa emitiu risinhos de escárnio quando o Santander comprou o Banespa por um preço que foi considerado alto demais. O pressuposto embutido nos risinhos era o de que os espanhóis não sabiam fazer negócios e haviam levado um mero bonde pelo preço de um jato.
Agora, os espanhóis riem por último: um lucro de R$ 1,75 bilhão no ano passado, o que corresponde a 20% do resultado recorde obtido em todo o mundo pelo grupo. Não parece mau negócio, não é?
Segunda história: o governo argentino não afugentou de vez os investidores ao fazer a chamada "pesificação" a uma cotação peso/dólar favorável aos devedores e, por extensão, negativa para os credores, entre eles bancos como o Santander.
Afinal, nos últimos quatro anos, com a Argentina e a América Latina imersas em crise, o Santander repatriou para a pátria-mãe, a Espanha, o equivalente a R$ 8,5 bilhões, o que é muito dinheiro em qualquer operação, em qualquer lugar.
Mais. Emilio Botín, o patriarca do grupo, diz: "A América Latina está em fase de relançamento. O pior já passou e o bom está por vir". Prevê crescimento de entre 4% e 5% para este ano e "juros estáveis".
Quanto à Argentina especificamente, seu presidente, Néstor Kirchner, chegou ontem a Madri para um novo encontro com a armada espanhola que investiu na América Latina (Santander, BBVA, Telefónica, Repsol etc). No ano passado, quase saíram no tapa. Agora, vai dizer muito sobre o governo Kirchner e, por tabela, sobre o governo Lula, quem dará o braço a torcer ou quanto cada um cederá.


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